Autodeclarado Rei do mundo em 1997, James Cameron une originalidade, criatividade e ousadia para empurrar o cinema para frente
Por Nathan Vieira
Se tem alguém que conseguiu se tornar um marco na história da indústria cinematográfica, é James Cameron. Mesmo se você nunca tiver ouvido falar desse nome, é impossível que tenha passado toda a vida sem conhecer pelo menos um de seus filmes. Estamos falando do cineasta por trás de Titanic, afinal de contas, considerado como um verdadeiro clássico — e vencedor de incontáveis prêmios.
Mas antes de ostentar prêmios e fama, Cameron era um caminhoneiro formado em Filosofia pela University of Southern California. Foi apenas em 1981, aos 27 anos, que o canadense se aventurou no que um dia viria a se tornar a maior glória de sua vida: o cinema. Justiça seja feita: seu ingresso no ramo aconteceu de forma modesta, com o longa Piranha II: The Spawning, que contou não apenas com sua direção, mas também com o seu roteiro.
O próximo passo de Cameron nas telonas já foi muito mais ambicioso, com um de seus maiores trabalhos — The Terminator, de 1983. Com um orçamento de US$ 6 milhões, a produção conquistou mais de US$ 70 milhões em receita. As décadas de 80 e 90 foram responsáveis por filmes importantes na carreira do diretor, produtor e roteirista, como Rambo: First Blood Part II (1985), Aliens (1986), O Segredo do Abismo (1989), Terminator 2: Judgment Day (1991), True Lies (1994) e Strange Days (1995).
No entanto, o final dos anos 90 merece destaque, uma vez que em 1997, Cameron se deparou com um divisor de águas em sua carreira, com o lendário Titanic, inspirado no naufrágio real do RMS Titanic. O romance norte-americano estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet foi o mais caro do mundo em sua época, com um orçamento de US$ 200 milhões. No entanto, seu destaque foi a bilheteria: nada menos que US$ 2,2 bilhões. Além de ter sido o primeiro filme a arrecadar mais de um bilhão de dólares mundialmente, manteve a coroa de de maior arrecadação da história do cinema por 12 anos, quando foi superado por outro longa também dirigido por James Cameron.
Estamos falando, aqui, da ficção científica Avatar (2009). Além de superar seu antecessor no pódio de maior arrecadação da história do cinema (com seus US$ 2,8 bilhões), o longa foi nomeado em nove categorias do Oscar, embora premiado apenas em três categorias: Melhor Fotografia, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Direção de Arte.
Entusiasta do oceano
Não só de filmes consagrados vive a trajetória de James Cameron, mas também de uma paixão incontestável pelo oceano, algo que podemos inclusive perceber em sua filmografia, desde Piranha II: The Spawning a Titanic. Não são raras as vezes em que o oceano se vê como um importante componente de suas produções.
Tal paixão se mostra mais notável através do projeto Deepsea Challenge 3D, conduzido pelo National Geographic, no qual o cineasta tornou a fazer história ao alcançar o ponto mais profundo do Oceano Pacífico. A bordo de um submarino, Cameron chegou à profundidade de 10.898 metros das Fossas Marianas. Na época (2012), o explorador chamou a atenção para a necessidade de maior investigação do mar profundo.
James Cameron e suas opiniões fortes
O cineasta também é conhecido por posicionamentos contundentes. Em 2021, durante uma aula da plataforma Masterclass, repercutida pelo SlashFilm, Cameron chegou a confessar descontentamento em relação à sua fama de “ditador” nos sets de filmagem. Na ocasião, o diretor afirmou que poderia ter sido um ouvinte melhor e que poderia ter sido menos autocrático, ter entendido que os seres humanos são mais importantes do que o filme.
Na ocasião, Cameron elogiou publicamente um de seus colegas, Ron Howard (Han Solo: Uma História Star Wars, Uma Mente Brilhante), pela forma de se comportar nos sets, e a quantidade de tempo que ele passava elogiando os atores e a equipe. A fama de “ditador” começou lá em 1989, após conflitos nas filmagens de O Segredo do Abismo, em que o ator Ed Harris chegou a se recusar a participar de atividades promocionais do longa, tamanha indignação com o comportamento do diretor”.
Cameron também já chamou a atenção da mídia com seu posicionamento acerca dos filmes de heróis. O cineasta dividiu opiniões ao se referir à Mulher-Maravilha de Gal Gadot como um retrocesso. “Ela é um ícone objetificado, é a Hollywood masculina fazendo a mesma coisa de sempre! Não estou dizendo que não gostei do filme, mas, para mim, é um passo para trás”, declarou, na época.
Durante uma entrevista ao The New York Times, o diretor afirmou que os heróis da DC e da Marvel não costumam apresentar amadurecimento. “Eles têm relacionamentos, mas no fundo não têm. Nunca penduram as chuteiras por causa dos seus filhos. As coisas que realmente nos dão perspectiva, poder, amor e propósito? Esses personagens não a sentem, e acho que esse não é o jeito de fazer filmes”, apontou, no ocorrido.
Atualmente, o cineasta trabalha nas sequências de Avatar. Enquanto isso, a partir de 16 de dezembro, o mundo irá conhecer seu novo trabalho, a segunda incursão por esse fascinante universo, Avatar: O Caminho da Água.