Patrícia Froelich
Você é mulher e nunca sentiu cólicas menstruais? Então o universo tem suas preferidas! Para falar de um assunto importante como este é preciso brincar antes, há muita dureza acerca de temas do universo feminino, isso não por acaso, mas é rebento para outra de nossas conversas. Refletir sobre a menstruação e o corpo feminino também é indagar como a sociedade trata nossos corpos que sangram com periodicidade.
Você é daquelas que tem uma tensão pré-menstrual com irritabilidade? Falar ‘estou menstruada’ em um ambiente de convenção social como reverbera? Você consegue se acolher e descansar nesse período, ou precisa dar conta de ainda mais tarefas? Seu rendimento decai nesse período e você se aborrece? O fato é que o capitalismo alcança todas nós, em alguma medida e sentimos que precisamos estar sendo sempre produtivas, onde o descanso e o ócio não são bem vistos tal como o trabalho extenuante (sobrelevado nas mídias sociais).
A menstruação nos recorda mensalmente que a vida é cíclica, que a dor tem sempre uma mensagem acerca do corpo físico e emocional. Inclusive, a coloração do sangue pode sinalizar como anda nosso ‘aparato reprodutivo’. Infortunadamente, em algum momento a sociedade ocidental perdeu a sacralidade sobre algo que é natural e condenou como sujo, fraco, fétido, digno de entorpecer por medicamentos e silenciar. A menstruação deveria ser celebrada como o suprassumo da vida, pois dê seu sangue menstrual diluído com água para uma planta e entenda minha analogia pragmática, trata-se de plantar a lua como preconiza o universo místico.
Os corpos costumam ser tratados apenas como casca da alma e da mente, quando em verdade tudo precisa estar harmônico para o funcionamento do nosso ser integral, sobretudo este corpo e sua majestosidade. Você sentiu dor na última menstruação? Pode definir a intensidade? Mas e sua vida no geral, como anda? A menstruação e o útero quiçá sejam uma espécie de termômetro para reflexões sobre sua existência e como tem levado esta vida terrena. Sangrar, portanto, é sinônimo de poder, energia e florescimento de ideias e alinhamentos. Como se sente ao estar menstruada? A forma como você recepciona seu sangue é seu predicado ou lhe foi ensinado a odiar esse período? Que tal se a gente ensinar a nova geração a honrar seu corpo e seus fluidos?
Aprendi e testei que chá de orégano acalma as cólicas, de canela faz a ‘menstruação descer’, melissa ameniza nossas ansiedades e alecrim combate tristeza. A natureza da qual somos parte, portanto, provém apaziguamentos e mais energia. Viver é, ao final do dia, mensurar ciclos, acolher, plantar, colher e amar toda potência de ser mulher. Portanto, a menstruação é professora e nos conecta com a sacralidade que ora se encontrava sucumbida nas rotinas da modernidade. E isso quer dizer, amar em nós aquilo que é belo e também seu oposto. Há muitas medicinas ancestrais que nos foram roubadas por uma farmácia em cada esquina, seu desconforto gera lucro para a indústria dos fármacos e derivados.
Quando você sangra, quais sentimentos ocorrem em concomitância? Você sabe ouvir com sabedoria o que seu corpo clama? Estamos conectadas ou dispersas? Como aquele docinho sem ou com culpa? Está tudo bem se você não está dando conta da sua gigantesca lista de compromissos, descansar e delegar tarefas também podem ser medicinais.
Nós aprendemos a cuidar tudo e todos, mas e a nós? A menstruação é importante, assim como você! Obrigada pela sua leitura atenciosa, volte sempre para essa coluna, pois aqui estamos entre velhas amigas, daquelas que baixam suas armaduras ao se encontrarem, ok?! É um privilégio lhe ter como leitora e deixo o convite para tratar sua próxima menstruação com mais compreensão e carinho, para ela e com você. As matizes da vida feminina não cabem em padrões societais, viva sua autenticidade! Nos encontramos na próxima coluna?