A A24 virou uma marca bilionária apostando em obras autorais e histórias originais e se firmou como um oásis criativo no cinema americano
Quando “Moonlight: Sob a Luz do Luar” chocou o mundo e ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2017, em um dos episódios mais atrapalhados da história dos prêmios da academia, uma pequena empresa fazia história. A produtora A24, fundada em 2012 por um grupo de veteranos da cena do cinema independente de Nova York, chegava ao topo em menos de cinco anos.
Com 97 filmes lançados até dezembro de 2022, um bem-sucedido braço na TV, e um valor de mercado que supera U$ 2 bilhões, a produtora A24 é o arthouse mais bem-sucedido do cinema contemporâneo com aposta em autores, consagrados ou promissores, histórias originais e marketing digital disruptivo.
“É insano que haja um artigo sobre uma produtora e distribuidora. É algo completamente louco”, disse Robert Pattinson, que já fez “A Caçada “ (2013) e “Bom Comportamento” (2017), filmes adquiridos e distribuídos pela empresa, à GQ americana em 2017, a propósito de um artigo sobre o impacto da A24 no cinema contemporâneo.
Cinco anos depois e estamos aqui novamente. A empresa que coleciona 32 indicações ao Oscar e algumas incursões em festivais de cinema, também virou sinônimo de terror de qualidade. Só em 2022 foram lançados “X – A Marca da Morte”, “Pearl”, “Morte, Morte, Morte” e “Men”.
Nomes como Sofia Coppola, Darren Aronofsky, Alex Garland, Robert Eggers e Ari Aster, o responsável pelos cults “Hereditário” (2018) e “Midsommar” (2019), não escondem a predileção de trabalhar com a empresa que privilegia talento e ousadia.
“Eles não precisam saber sobre o que é, mas apenas como faz sentir”, explica Barry Jenkins, diretor de “Moonlight”.
O celeiro de boas e originais histórias combina quantidade com qualidade. Em média são 25 filmes lançados pela A24 por ano, entre produções cultivadas desde o início e outras adquiridas já em produção ou em festivais de cinema como Sundance, onde adquiriu no começo deste ano “When You Finish Saving the World”, estreia de Jesse Eisenberg na direção.
Um acordo de produção com a Apple TV+ proveu maior capitalização e visibilidade mundial para a empresa. Em 2021 teve o lançamento de “A Tragédia de MacBeth”, que rendeu indicação ao Oscar a Denzel Washington, e neste ano Jennifer Lawrence é a estrela de “Passagem”.
Embora só distribua seus filmes nos EUA – no Brasil a empresa tem acordos com a Paris Filmes, Sony e Diamond -, existem planos de expansão. A A24 acabou de estabelecer escritórios em Londres e busca alternativas para que seu crescimento não comprometa sua vocação de arthouse.