Redação Culturize-se
O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) inaugurou no último fim de semana, a exposição inédita “Hulda Guzmán: frutas milagrosas”, marcando a primeira mostra individual em museu da artista dominicana Hulda Guzmán (Santo Domingo, República Dominicana, 1984). A exposição, que segue até 24 de agosto, integra a programação “Histórias da ecologia” do museu, oferecendo uma perspectiva contemporânea sobre a paisagem e a relação entre o ser humano e o meio ambiente.
Conhecida por subverter a tradicional pintura de paisagem, Guzmán apresenta em suas telas uma natureza protagonista, onde todos os elementos coexistem em interdependência. Suas obras exploram temas como afeto e o entorno de seu cotidiano, retratando cenários tropicais e fantásticos habitados por uma variedade de personagens, reais e imaginários. Impregnadas de humor e um toque onírico, suas pinturas carregam um forte caráter biográfico, dialogando simultaneamente com a história da arte, incorporando referências que vão da arquitetura modernista ao surrealismo e à pintura chinesa antiga.
A curadora da exposição, Amanda Carneiro, destaca que o trabalho de Guzmán celebra o meio ambiente e simultaneamente convida à reflexão sobre questões urgentes como a crise climática e a responsabilidade humana na preservação do planeta. Para a artista, a exposição aborda a “interconexão do mundo natural com a vida coletiva e o senso de comunidade”, ressaltando que a dissociação da natureza é a principal causa do atual colapso ecológico.
O ponto de partida da mostra é a tela “Come Dance—Asked Nature Kindly [Venha dançar—convidou a natureza gentilmente]”, incorporada ao acervo do MASP em 2020. A pintura retrata uma celebração vibrante em uma densa floresta tropical, com figuras humanas interagindo em diversas atividades. O título da obra enfatiza a reciprocidade e a interdependência da vida na Terra. Além desta peça central, a exposição apresenta outras 17 pinturas, incluindo oito obras inéditas criadas especialmente para esta ocasião.

Além das paisagens exuberantes, Guzmán também explora autorretratos, estabelecendo um diálogo íntimo com os ambientes que a cercam. Suas composições, ricas em detalhes, texturas e cores, convidam o público a uma observação atenta, revelando múltiplas camadas visuais e narrativas que evidenciam a inseparabilidade entre a vida humana e a natureza.
“O trabalho de Guzmán é muitas vezes uma combinação de observação direta e colagem de figuras e personagens, compondo cenas que transitam entre o íntimo e o inesperado”, explica Amanda Carneiro. A curadora ressalta a habilidade da artista em reunir em suas telas familiares, amigos e animais com personagens extraídos de diversas fontes visuais.
“Hulda Guzmán: frutas milagrosas” integra a ampla programação do MASP dedicada às “Histórias da ecologia” em 2025, que também inclui mostras de outros artistas e a grande coletiva homônima.