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"Quando o Brasil Era Moderno" investiga relação entre política e arquitetura

Reinaldo Glioche

O documentário “Quando o Brasil Era Moderno”, dirigido por Fabiano Maciel e distribuído pela O2 Play, foi um dos destaques do festival É Tudo Verdade, evento cinematográfico de grande relevância nacional. Produzido pela Ocean Films, o filme explora como a arquitetura brasileira serviu de espelho para as disputas políticas ao longo de um século no Brasil.

A arquitetura brasileira foi uma das mais revolucionárias do século XX e influenciou gerações de arquitetos no mundo todo. Mas houve um tempo em que a escolha de um estilo arquitetônico significava também a escolha de um projeto para o país. “Quando o Brasil era Moderno” conta a história de uma disputa que começou nos anos 30 com a construção da sede do Ministério da Educação e Saúde no Rio e teve seu auge com a inauguração de Brasília em 1960.

O documentário, inspirado no livro “Moderno e Brasileiro”, de Lauro Cavalcanti, narra, através da arquitetura moderna, um século de disputas pelo projeto político de um país. Com entrevistas de 26 figuras importantes não só na arquitetura, mas também na história e nas artes visuais, tais como Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha e Rosana Paulino, e através de fotografias, filmes e imagens de arquivo, o filme constrói uma linha do tempo na qual se acompanha o desenvolvimento do conceito de modernidade no Brasil.

A obra revela como as disputas estéticas nas artes (na pintura, na poesia, na arquitetura) e na educação (o movimento da escola nova e os grupos católicos) também estavam intimamente ligados às disputas de poder, com cada grupo querendo fazer valer o seu projeto político. Disputas estas que permanecem até os dias de hoje.

Fabiano Maciel explica que o projeto inicialmente pretendia apenas abordar a arquitetura do século XX e a predominância do estilo moderno no Brasil. No entanto, ao iniciar as filmagens durante as eleições de 2018, o diretor percebeu uma dimensão mais profunda da história: “Mais do que abordar uma estética, o importante era discutir um projeto de nação abandonado”, afirma. Maciel observa paralelos entre as disputas pelo controle do Ministério da Educação na década de 1930 e os conflitos contemporâneos, embora considere que estes últimos ocorram “em bases mais radicais e com protagonistas mais toscos”. Para o diretor, o documentário retrata “um projeto que jamais atingiu seu objetivo: livrar o país de seu passado escravocrata, e torná-lo mais justo, belo e moderno”.

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