Com 3.481 salas em funcionamento, o país atinge um novo recorde histórico e a receita com a bilheteria de filmes nacionais passou de R$ 67,3 milhões em 2023 para R$ 141 milhões até setembro de 2024
Redação Culturize-se
Nos últimos anos, o cinema brasileiro tem experimentado um processo notável de recuperação e crescimento, impulsionado por uma combinação de fatores, incluindo políticas públicas, investimentos e a resiliência de grandes nomes da indústria. O aumento significativo no número de espectadores, a expansão das salas de cinema e o fortalecimento das produções nacionais são apenas alguns dos aspectos que destacam esse renascimento.
Em 2024, os cinemas brasileiros alcançaram um aumento de 62% no público em comparação a 2023, um resultado muito positivo, especialmente considerando o impacto da pandemia nas exibições em anos anteriores. Comparado com 2019, ano de grande sucesso para a indústria cinematográfica antes da crise sanitária global, o crescimento foi de 6%. Esses números são ainda mais expressivos quando se considera o cenário geral da indústria do entretenimento, especialmente no Brasil, onde muitos cinemas tiveram que encerrar suas operações permanentemente após a pandemia.
O Kinoplex, um dos maiores grupos de cinemas do país, exemplifica essa recuperação. Agora em dezembro, completam 50 anos da morte de Luiz Severiano Ribeiro, seu fundador e um dos principais nomes da história da indústria cinematográfica brasileira. A memória vem acompanhada de resultados otimistas. Luiz Severiano Neto, CEO do Kinoplex, declarou que seguir com o legado do fundador é uma grande honra e um compromisso com o poder único da “sala escura”, onde o cinema se torna uma experiência mágica e insubistituível.
Além do crescimento do público, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) reportou, em novembro, um aumento no número de salas de cinema no Brasil. Com 3.481 salas em funcionamento, o país atinge um novo recorde histórico, superando a marca anterior de 2019. Esse crescimento está intimamente ligado ao trabalho de políticas públicas voltadas para a revitalização do setor. O Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), por exemplo, tem sido fundamental nesse processo, fornecendo linhas de crédito que ajudam na construção de novas salas e na modernização de cinemas existentes, além de impulsionar a expansão da cultura cinematográfica em regiões que antes não tinham acesso a essas instalações.
Essa expansão foi acompanhada pela implementação de recursos de acessibilidade nas salas de cinema, o que torna a experiência mais inclusiva para pessoas com deficiência auditiva e visual. As políticas públicas, ao mesmo tempo em que visam expandir a infraestrutura do setor, também garantem que o acesso ao cinema seja mais democrático, beneficiando uma maior parte da população. O Brasil hoje conta com cinemas em municípios que nunca haviam tido salas de exibição antes, um feito importante para a democratização da cultura no país.
Mais público para filmes nacionais
O crescimento também é evidente nas produções cinematográficas nacionais. Em 2024, até setembro, os cinemas brasileiros já haviam registrado uma marca significativa de 209 filmes nacionais assistidos por 7,37 milhões de pessoas, superando o total de público de 2023, quando 3,72 milhões de brasileiros assistiram a 281 produções nacionais. A receita com bilheteiras também teve uma alta impressionante, passando de R$ 67,3 milhões em 2023 para R$ 141 milhões até setembro de 2024. Esses números indicam que, além de um aumento na quantidade de público, houve também um crescimento no valor arrecadado, o que reflete a recuperação da confiança do público nas produções nacionais.
Entre os filmes de destaque deste ano, “Os Farofeiros 2” e “Minha Irmã e Eu” se destacaram, com grandes bilheteiras. Essas produções não apenas representam o fortalecimento das comédias no cinema nacional, mas também a capacidade da indústria de criar conteúdo relevante para diversos públicos. Além disso, a ação do governo federal, com o anúncio de R$ 1,6 bilhão em investimentos públicos para o audiovisual, traz uma perspectiva ainda mais positiva para o setor nos próximos anos, com expectativa de crescimento contínuo.
Embora a indústria do cinema tenha enfrentado desafios substanciais nos últimos anos, as iniciativas públicas e o esforço coletivo de diversas partes do setor têm mostrado resultados animadores. As políticas de incentivo ao cinema nacional, a construção de novas salas e a modernização das existentes, aliadas a uma crescente demanda por filmes brasileiros, indicam que a recuperação do setor é não apenas possível, mas uma realidade em curso. O cinema brasileiro parece estar, finalmente, em uma trajetória sólida de crescimento, com perspectivas de um futuro mais próspero, marcado por uma produção cada vez mais relevante e acessível a um público amplo e diversificado.
Olhando para o futuro, as expectativas para o cinema brasileiro são otimistas, com o setor se preparando para um 2025 ainda mais promissor, onde a combinação de investimentos públicos, crescimento das salas e o fortalecimento das produções nacionais contribuirá para consolidar o cinema como um das principais formas de entretenimento do brasileiro.