Redação Culturize-se
A exposição “Brígida Baltar: pontuações”, em cartaz até março de 2025 no Museu de Arte do Rio (MAR), reúne um conjunto inédito e extenso de obras da artista carioca Brígida Baltar (1959-2022), referência na arte contemporânea brasileira. Com cerca de 200 obras, incluindo 50 inéditas, a mostra celebra as três décadas de trajetória de Baltar, destacando sua habilidade única em transformar o cotidiano em fabulações poéticas. Organizada em parceria com o Instituto Brígida Baltar e a Galeria Nara Roesler, e com curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan e Jocelino Pessoa, a exposição ocupa um lugar de destaque ao trazer uma visão aprofundada sobre a vida e o trabalho da artista.
Dividida em dois espaços, a mostra explora aspectos essenciais de sua obra: o primeiro espaço se concentra na relação de Brígida com a casa e a família, e o segundo apresenta suas fabulações, onde seres e objetos triviais ganham significados encantados. Para Marcelo Campos, a exposição permite ao público uma experiência imersiva no universo poético da artista, oferecendo um raro acesso às suas obras e reflexões, que ela registrava meticulosamente em anotações e cadernos. Segundo o curador, essa atenção de Brígida à organização das obras, como a escolha dos materiais e escalas, confere autenticidade ao acervo e ao projeto.
As obras de Baltar flertam com o surreal e subvertem o óbvio, capturando o impalpável e o intangível em formas que despertam o encantamento do público. Em suas fotografias, vídeos, esculturas e instalações, ela aborda temas como corpo, natureza e paisagens, sempre em diálogo com sua própria moradia. Sua atuação inovadora nos campos de fotoperformance e videoperformance influenciou toda uma geração de artistas, consolidando sua importância no cenário artístico brasileiro e internacional.
A mostra ainda revela um novo filme da artista, ampliando a compreensão de seu legado para além das imagens visuais e textuais. Para Jocelino Pessoa, a exposição convida o público a adentrar na vasta reflexão poética de Brígida, um “livro de fábulas” onde objetos do dia a dia ganham novas narrativas e profundidade. Brígida transformava elementos triviais em verdadeiras obras de arte, ligadas às suas próprias memórias e vivências. Essa exposição, ao unir arte e poesia, permite ao espectador uma rara imersão no universo sensível de Brígida Baltar, onde cada obra é uma porta de entrada para o íntimo e o fantástico, perpetuando seu impacto duradouro na arte contemporânea.