Redação Culturize-se
Janaina Mello Landini, nascida em São Gotardo, Minas Gerais, em 1974, é uma artista visual reconhecida por suas obras que exploram a interconexão entre elementos naturais e humanos, utilizando conceitos de arquitetura, física e matemática. Graduada em Arquitetura e com formação em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Janaina desenvolveu uma linguagem única, focada na complexidade do indivíduo e sua relação com o todo. Suas obras transitam por diferentes escalas, desde objetos de pequena dimensão até intervenções em espaços públicos, refletindo a interdependência entre as trajetórias individuais em um sistema coletivo, seja ele social ou ambiental.
A série mais conhecida da artista, “Ciclotramas”, utiliza cordas que se desmembram em fios delicados, simbolizando a multiplicidade de trajetórias e interconexões presentes em nossa sociedade e em nosso planeta. A precisão com que Janaina manipula os fios é fruto de seu profundo entendimento de estruturas físicas, transformando esses elementos simples em representações poéticas da complexidade da vida.
Na exposição “Bosque Neural”, em cartaz na Zipper Galeria, em São Paulo, até 1º de novembro, Janaina aprofunda ainda mais essa reflexão, desta vez em diálogo com a neurociência. Inspirada pelos estudos do neurocientista Santiago Ramón y Cajal, que descreveu o cérebro como uma “floresta neural”, a artista criou obras que funcionam como “lâminas de laboratório”, oferecendo uma visão visualmente rica das sinapses e redes neuronais do cérebro humano. Utilizando fios de diferentes gramaturas, suas criações mimetizam a estrutura rizomática do cérebro, evocando a intrincada rede de conexões entre as células neurais e seu papel na formação do pensamento.
Essa relação entre o cérebro e a natureza também é destacada nas reflexões da artista sobre o meio ambiente. Em suas obras, Janaina estabelece paralelos entre as redes neurais e as florestas, considerando a interconexão simbiótica que nos une ao mundo natural. Suas esculturas tridimensionais, muitas vezes formadas por fios metálicos torcidos, lembram árvores ou neurônios, reforçando a ideia de que tanto o cérebro quanto o ambiente operam como sistemas interligados.
O trabalho de Janaina Mello Landini tem sido exibido internacionalmente em instituições como o Museu de Arte do Rio (MAR), Fondation Carmignac, Palais de Tokyo e a Bienal do Mercosul, reafirmando sua relevância no cenário artístico contemporâneo e sua capacidade de unir ciência, arte e natureza em um diálogo poderoso e visualmente impactante.