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Autobiografia de Kamala Harris é manifesto político altivo e estratégico

Redação Culturize-se

Kamala Harris
Foto: Fotos Públicas

Kamala Harris, atual vice-presidente dos Estados Unidos, tornou-se uma figura central na política americana nos últimos anos. Com a saída do presidente Joe Biden da corrida presidencial, Harris assumiu a liderança do Partido Democrata na disputa pela Casa Branca. Sua trajetória e suas posições políticas são temas centrais de sua autobiografia “As Verdades que nos Movem” (Editora Intrínseca), que se tornou um marco em sua carreira e uma poderosa ferramenta de sua campanha.

O livro de Harris é uma combinação de memórias pessoais e um manifesto político, oferecendo aos leitores uma visão detalhada de sua vida, desde sua infância em Oakland, Califórnia, até sua atuação como procuradora-geral da Califórnia e senadora dos Estados Unidos. Harris é filha de imigrantes: sua mãe, uma pesquisadora indiana dedicada ao estudo do câncer, e seu pai, um economista jamaicano de destaque. Essa origem multicultural moldou profundamente sua visão de mundo e seu compromisso com as lutas sociais, temas recorrentes em sua carreira.

A autobiografia de Kamala Harris oferece um relato pessoal e íntimo de sua jornada. Desde criança, Harris demonstrou uma forte sensibilidade social, o que a levou a ingressar no campo jurídico, tornando-se uma promotora determinada e, posteriormente, a procuradora-geral da Califórnia. Sua carreira jurídica foi marcada por uma abordagem holística e inteligente na luta contra o crime, evitando tanto o extremismo punitivo quanto a excessiva leniência. Ela se destacou ao utilizar dados para orientar suas políticas, buscando sempre o que seria mais benéfico para a comunidade em que atuava.

Contudo, a obra de Harris não é apenas uma narrativa pessoal; é também uma peça central em sua campanha presidencial. Livros de campanha têm uma função clara: são ferramentas de marketing político. Eles servem para moldar a imagem pública do candidato, apresentar suas conquistas e delinear suas posições políticas. Embora possam não ser grandes obras literárias, esses livros são eficazes em persuadir os leitores de que o candidato é a escolha certa para liderar o país.

“As Verdades que nos Movem” segue essa fórmula. Kamala Harris utiliza sua autobiografia para exaltar suas realizações como promotora e senadora, ao mesmo tempo em que traça um claro contraste com seu oponente, Donald Trump. Ela aborda questões centrais de sua campanha, como imigração, justiça criminal e direitos civis, sempre buscando antecipar e neutralizar as críticas que possam surgir. No livro, por exemplo, Harris reconhece que sua atuação no sistema de justiça pode desagradar a alguns eleitores mais liberais, que veem o sistema como falido. No entanto, ela se apresenta como uma “infiltrada” nesse sistema, pronta para trabalhar de dentro para promover mudanças.

Essa habilidade de antecipar críticas e transformá-las em pontos fortes é uma das maiores qualidades de Harris, tanto como política quanto como autora. No livro, lançado em 2019, ela reconhece os desafios que enfrentou ao longo de sua carreira, mas evita aprofundar-se em suas falhas pessoais, preferindo focar em suas conquistas. Isso é compreensível, considerando que um livro de campanha tem como objetivo principal reforçar a imagem de um candidato como líder forte e capaz.

Desde que assumiu a liderança da campanha presidencial, Kamala Harris tem ganhado terreno nas pesquisas eleitorais. Sua autobiografia desempenha um papel importante nesse crescimento, ajudando a humanizar sua imagem e a conectar sua história pessoal às grandes questões que enfrenta como líder.

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Apesar de algumas críticas à falta de profundidade em temas econômicos e de geopolítica, “As Verdades que nos Movem” cumpre seu papel como um livro de campanha. Ele apresenta Harris como uma candidata preparada e formidável, capaz de enfrentar os desafios do cargo mais alto da nação. A obra também destaca seu compromisso com questões sociais, como os direitos dos imigrantes, a luta contra o preconceito racial e a proteção dos mais vulneráveis.

Se eleita, Kamala Harris fará história como a primeira mulher e a primeira negra asiático-americana a ocupar a presidência dos Estados Unidos. Sua trajetória de vida, desde as ruas de Oakland até o Senado americano, é um testemunho de sua resiliência e determinação. E embora seu livro possa não ser uma leitura literária extraordinária, é, sem dúvida, uma peça eficaz na construção de sua imagem como uma líder forte e visionária, pronta para guiar os Estados Unidos em tempos de crise.

Em um momento crucial da história americana, Harris se apresenta como uma candidata capaz de trazer novas energias e perspectivas para a Casa Branca, e “As Verdades que Nos Movem” desempenha um papel importante na construção dessa imagem pública.

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