Redação Culturize-se
O Egito está em meio a um dos maiores projetos de urbanização de sua história: a construção de uma Nova Capital Administrativa. Localizada a 45 quilômetros do Cairo, a nova cidade, que ainda não possui nome oficial, tem como objetivo aliviar o congestionamento populacional e urbano da antiga capital, que enfrenta graves problemas de infraestrutura devido à sua superpopulação. Com 22,6 milhões de habitantes, o Cairo não suporta mais o fluxo crescente de pessoas, uma situação que se agravou nas últimas décadas. A nova capital promete acomodar até 6 milhões de moradores e oferecer um espaço moderno e sustentável. O projeto tem como uma de suas inspirações a construção de Brasília.
Desde o anúncio do projeto em 2015, e com o início das obras em 2017, a Nova Capital Administrativa vem ganhando forma. Estendida por 700 quilômetros quadrados, ela abrigará marcos como a Torre Icônica, com 390 metros de altura, a Igreja da Natividade e a mesquita Al Fattah Al Aleem, além de um imponente distrito comercial e uma área verde maior que o Central Park, em Nova York. A cidade também será o novo centro de poder do país, com prédios governamentais, incluindo o novo Ministério da Defesa, conhecido como “octógono”.
A ambição desse megaprojeto é refletida em seu custo colossal, estimado em US$ 58 bilhões. Parte desse orçamento será destinada à construção de edifícios sustentáveis, como a Forbes International Tower, projetada para ser o primeiro arranha-céu com certificação de carbono zero no mundo. Com 43 andares e 240 metros de altura, a torre usará 25% de sua energia proveniente de fontes fotovoltaicas e 75% de hidrogênio verde, além de empregar sistemas avançados de coleta de água da chuva e ventilação natural.
Apesar de sua grandiosidade e promessas de modernidade, o projeto tem gerado controvérsias. Críticos apontam para o elevado custo e a exclusão da maioria dos egípcios, que não poderão adquirir propriedades na nova cidade devido aos altos preços de habitação. A concentração de poder na nova capital também é vista como uma estratégia do presidente Abdel Fattah al-Sisi para fortalecer seu controle, em meio a preocupações com a liberdade e o bem-estar da população.
Além disso, questões sobre a sustentabilidade econômica e social do projeto permanecem. A dívida pública do Egito aumentou consideravelmente com o avanço das obras, e a participação de investidores internacionais tem sido limitada, o que levanta dúvidas sobre a viabilidade financeira a longo prazo. Embora a nova capital tenha sido idealizada como uma solução para os problemas do Cairo, ainda não está claro se ela conseguirá cumprir suas promessas de modernidade e inclusão social. O Egito, ao seguir com essa monumental transformação urbana, enfrenta o desafio de equilibrar ambição e realidade.