Edson Aran
O país segue dividido e a democracia continua sob ameaça. No entanto, outra campanha eleitoral se aproxima, desta vez para prefeitos e vereadores. É uma ótima oportunidade para mudarmos nossa maneira de ver o mundo e demolir a polarização que nos isola. Aí estão 21 sugestões para que os candidatos transformem a campanha numa experiência absolutamente inesquecível.
- Afirme que o adversário é a favor do aborto e que, inclusive, já abortou três vezes. Dica: a denúncia terá muito mais impacto se o adversário for homem.
- Com expressão indignada, diga que é preciso acabar com a corrupção que tomou conta de todas as esferas do poder público. Faça uma pausa e conclua: “Mas estou aceitando proposta melhor…”
- Dirija um olhar penetrante para a câmera e fale com voz pausada, porém firme: “Eleitor, eleitora… meu principal objetivo é fazer com que você chegue ao orgasmo. E o primeiro vai acontecer… agora!”
- Exiba uma Carteira de Trabalho para o adversário e pergunte: “Você sabe o que é isso? Sabe?! Então me fala o que é porque eu não sei…”
- Admita que você é a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas apenas para fins reprodutivos. Sorria.
- Mostre a mão fechada para a câmera e pergunte: “Eleitor, adivinhe o que eu tenho na mão?”. Faça uma pausa e responda, com ar triunfante: “Paralisia infantil!”. Então caia na risada e conclua: “Tô brincando… é só propina…”
- Se vista de mulher se você for homem. Se vista de homem se você for mulher. Se vista de ornitorrinco se você for trans.
- Prometa uma Bolsa Anitta para todo cidadão carente de Anitta. E acrescente: “País rico é país onde todo mundo tem uma Anitta…”
- Seja incisivo: “Ninguém aguenta mais esse descaso com Mossoró! Chega! Mossoró merece respeito! Ôpa, desculpa… Rio de Janeiro! Rio de Janei-ro! O Rio de Janeiro merece respei-to!”
- Diga que você é totalmente favorável à descriminalização da pamonha. Depois se corrija: “Quer dizer, pamonha não… aquela outra coisa que faz a gente perder a memória… Noronha? Peçonha? Vergonha?!”
- Olhe diretamente para a câmera e afirme que você tem uma importante revelação que mudará completamente os rumos da campanha. Então sorria e acrescente: “Eu não estou usando cueca…”
- Quando o adversário o acusar de “invasor de propriedade privada”, simplesmente responda: “Só invadi a vaca da sua mãe porque ela foi considerada propriedade improdutiva devido à frouxidão do seu pai! Arrá! Sacaneei!”
- Troque o nome de todos os adversários durante o debate: “Minha pergunta é para o candidato Fasianaldo e eu gostaria que a resposta fosse comentada pela candidata Vaginalda…”
- Entre em todos os debates dançando rumba. Leve maracas.
- Durante caminhadas por bairros populares, exercite a crítica gastronômica: “Minha senhora, sua coxinha é farta e tem preço honesto, mas peca pelo sabor desequilibrado que poderia ser depurado com pitadas de páprica ou jalapeño moído para acrescentar personalidade à massa espessa e excessivamente oleosa. Já essa porcaria que a senhora chama de pastel…”
- Toda vez que criticarem o seu plano de governo, faça uma expressão compungida e responda: “Mas pelo menos eu não fui pro hospital com um pepino entalado no rabo!”. Se o adversário reagir indignado, simplesmente responda: “Ah, é… não foi você, fui eu. Desculpa, mal aí.”
- Diga que, quando eleito, você mudará radicalmente a política externa e cessará todas as hostilidades contra o bom povo do Kafiristão. Fique dois segundos sorrindo para a câmera.
- Denuncie que seu adversário faz tráfico de influência: “E não apenas isso! Ele também faz tráfico de drogas e tráfego insuportável nas grandes metrópoles!”
- Olhe fixamente para a câmera e diga: “O outro candidato fez um pacto com o diabo e ofereceu a sua alma em troca, meu amigo eleitor!”
- Com voz chorosa, narre muitas passagens tristes da sua infância sofrida: “Nós éramos tão pobres, mas tão pobres, que papai vendeu metade de nós para figurantes de Cidade de Deus…”
- Quando algum adversário fizer alguma crítica ao seu programa de governo, enfie um dedo em cada ouvido e responda: “Lá, lá, lá, não tô ouvindo, lá, lá, lá, não tô ouvindo…”