Reinaldo Glioche
Vencedor do Oscar de ator coadjuvante por sua atuação em “Oppenheimer” (2023) no início do ano, Robert Downey Jr., que consolidou seu status de astro imortal na pele de Tony Stark, o Homem de Ferro, no MCU (universo cinematográfico da Marvel, na sigla em inglês), já vinha dando pistas em entrevistas e interações com fãs em eventos que, a despeito da morte de seu personagem em “Vingadores: Ultimato” (2019), poderia estar de volta à saga da Marvel nas telonas.
A confirmação veio durante a Comic-Con em San Diego na noite de sábado (27), quando durante o painel da Marvel foi revelado que Robert Downey Jr. será Victor Von Doom, o Doutor Destino em “Vingadores: Doomsday”; previsto para maio de 2026, o filme será dirigido pelos irmãos Russo, responsáveis pelos dois últimos longas da série. Eles também estarão à frente de “Vingadores: Guerras Secretas”, previsto para maio de 2027.
Mas o que significa o retorno de Robert Downey Jr. ao MCU? Primeiramente, não se trata de um absurdo narrativo, embora estejamos entrando naquela fase, tal qual nas HQs, em que eles vão se enfileirar e alienar uma boa parte do público. É justamente esse segundo efeito que a estratégia de trazer de volta o astro que ajudou a consolidar a Marvel como uma potência criativa no cinema tenta, ao menos, postergar.
O multiverso não deu certo. O público não curtiu. E, como bem vaticinou o CEO da Disney Bob Iger, as muitas séries no streaming foram uma dispersão. Robert Downey Jr. no MCU sinaliza aos fãs, à indústria e ao mercado que a Marvel entendeu e quer recobrar o foco. Voltar como um vilão, uma brecha ofertada pelo tal multiverso, é outro atrativo.
Doutor Destino é um personagem que a Marvel resgatou o controle no cinema via a compra da FOX pela Disney e confiar essa transição a Downey Jr. também mimetiza certa nostalgia de tempos melhores, quando a Marvel só acertava e só podia acertar. Depois de muitos erros, Marvel e Disney precisam reencontrar o caminho dos acertos. Sob muitos aspectos, Robert Downey Jr. é um atalho.
A escolha, porém, tem sua cota de desvantagens. Muita gente, entre fãs e insiders, vai torcer o nariz e argumentar que a Marvel faz escolhas cada vez mais seguras ao ponto de até mesmo repetir atores em sua franquia. O astro agora chega com muita clareza de que tem como principal missão salvar um império em dissolução e isso representa uma pressão que nem ele, nem a Marvel tinham lá nos idos de 2008.
