Tom Leão
Pelo que lemos nas notícias do mundo do entretenimento, o clássico mockumentary ‘This Is Spinal Tap’ (1984) está finalmente ganhando uma sequência após, 40 anos (já em produção). Como assim? Pois é. ‘This is Spinal Tap’ é um dos melhores exemplos do subgênero mockumentary (documentário falso, em tom de farsa), com seus diálogos altamente citáveis que estão, até hoje, embutidos na cultura pop. Ele faz parte de uma lista que inclui ‘The Rutles: all you need is cash’, de Eric Idle (do Monty Python), sobre uma banda muito parecida com os Beatles, de paródias hilariantes sobre bandas de rock.
No caso de ‘This is Spinal Tap’, o filme foi a estreia na direção de Rob Reiner (filho do falecido comediante Carl Reiner), que viria a fazer outros filmes clássicos. Como o drama cult juvenil ‘Stand by Me’ (‘Conta Comigo’, 1986, baseado em conto -– não terror — de Stephen King), o filme de fantasia (e também cult) ‘A Princesa Prometida’ (‘The Princess Bride’, 1987) e a comédia romântica ‘When Harry Met Sally’ (‘Harry & Sally: feitos um para o outro’, 1989). E, pelo visto, Reiner estará de volta à cadeira de diretor para o aguardado ‘This Is Spinal Tap 2’.
O original, segue a fictícia banda britânica de heavy metal Spinal Tap (que usam todo aquele visual clichê do metal, com muito couro e corrente), enquanto eles embarcam em uma malfadada turnê americana para promover seu último álbum. Os principais membros da banda são o vocalista David St. Hubbins (Michael McKean), o guitarrista Nigel Tufnel (Christopher Guest) e o baixista Derek Smalls (Harry Shearer). O trio de comédia também criou outro grupo musical fictício, The Folksmen, para o mockumentary de 2003 ‘A Mighty Wind’ (cuja canção título concorreu ao Oscar!). Mas, ‘This Is Spinal Tap 2’ será a primeira vez em que a banda se reunirá para um filme, fora o especial de reunião de 25 anos, feito para a TV, em 1992.
Aqui, vale um aparte: Christopher Guest (que, entre outras coisas, é marido da atriz Jamie Lee Curtis), depois do imenso sucesso do filme do Spinal Tap, e inspirado no sucesso deste mockumentary de rock, acabou dirigindo e atuando em uma série de filmes impagáveis que satirizavam vários grupos sociais. Como o sensacional ‘Best in Show’ (‘O melhor do Show’, 2000), sobre os bastidores do altamente competitivo (e bizarro) mundo dos campeonatos de cães de raça (e seus donos muito esquisitos). Neste filme, Guest contou com atores que os seguiriam em outras produções semelhantes: Eugene Levy (de ‘Schitt´s Creek’, seu parceiro nos roteiros), a sempre hilária Catherine O´Hara (a dondoca afetada de ‘Beetlejuice’), Parker Posey (musa indie), Jennifer Coolidge (que, depois de se perpetuar como a mãe do Stiffler, em ‘American Pie’, recentemente marcou como a milionária bêbada de ‘The White Lotus’) e o recentemente falecido Fred Willard.
Antes do sucesso de ‘Best in Show’, Guest criou outro ‘mocumentário’ tão hilário quanto: ‘Waiting for Guffman’ (‘Esperando o Sr. Guffman’, 1996), sobre um grupo de teatro amador do interior dos EUA que acha que importante produtor da Broadway (o tal Sr. Guffman do título) irá ver a peça deles; e, depois, o citado musical ‘A Mighty Wind’ (‘Os Grandes Músicos’, 2003), sobre um grupo de folk music, que foi muito famoso nos anos 1960, que se prepara para uma reunião especial em memória do falecido empresário deles (isso, se os egos de seus integrantes deixarem). Todos os filmes são excelentes.
Voltando ao Spinal Tap original, na trama, a banda embarca em uma turnê nos EUA, acompanhado pelo cineasta Marty DiBergi (feito pelo próprio Rob Reiner). O filme revela os bastidores da banda, suas excentricidades e os desafios enfrentados durante a turnê. Foi tão convincente, que muitos pensaram que a banda realmente existia. Tanto, que eles acabaram, fazendo shows nos Estados Unidos!!! Agora, é esperar pela continuação tardia (aqui, o original só saiu em vídeo) e imaginar o que será que eles irão nos apresentar. Será uma daquelas turnês de despedida?