Tom Leão
Recentemente, assisti ao documentário “Brats”, de Andrew McCarthy, no Hulu (via VPN, aqui, pode chegar via streaming no Disney+). Ele trouxe de volta lembranças do filme “St. Elmo´s Fire” (1985), que inspirou o termo ‘Brat Pack’ (cunhado pelo jornalista David Blum, na The New Yorker, em referência ao Rat Pack, dos anos 50/60, do qual faziam parte Frank Sinatra, Dean Martin e outros). Por coincidência, uma semana depois, li no site Deadline que a Sony está pensando na possibilidade de fazer uma nova versão de “St. Elmo’s Fire” (que, aqui, se chamou ‘O primeiro ano do resto de nossas vidas’). Esta versão, dependeria da reunião dos membros do elenco original: além de McCarthy, Rob Lowe, Emilio Estevez, Demi Moore, Judd Nelson, Aly Sheedy e Mare Winningham. O que, pelo que se vê no documentário, seria algo bastante difícil e complicado de acontecer.
O filme dirigido pelo falecido Joel Schumacher (aquele que estragou Batman), focou naquele período de transição entre a faculdade e as pressões de encontrar empregos e começar as vidas adultas. Apesar de não ser grande coisa (como quase tudo que Schumacher fez) o filme foi um sucesso inesperado de verão (em grande parte, devido ao seu elenco de jovens atores promissores) e com uma trilha sonora de enorme sucesso, puxada pelo chatíssimo tema romântico de David Foster, ‘Love theme from St Elmo´s Fire’ (o nome original refere-se ao bar onde a turma se encontrava). A possível sequência capturaria os personagens, depois de 40 anos, e como estariam hoje em dia, já todos acima dos 50. Assim como os próprios atores.
Atualmente, filmes são refeitos o tempo todo, com conceitos ressuscitados e papéis renovados por atores mais jovens (hoje em dia, o que mais tem é ‘filme de origem’, prequels, vide o flopado e desnecessário ‘Furiosa, uma saga Mad Max’). Mas, para mim (que não gosto desse tipo de filme), este soa como uma maneira muito mais interessante de se reconectar com o filme original, saber o que aconteceu depois com aqueles preppies. Quem não quer descobrir o que aconteceria em suas vidas adultas? Mas (segundo informações do Deadline), ainda é muito cedo. Eles nem têm roteiro, não sabemos se o elenco foi contactado ainda ou se vai topar participar
No documentário ‘Brats’, Andrew McCarthy começa sacando o seu celular e ligando para cada um dos amigos que estavam neste citado filme, junto com ele, e também outros. Como a musa teen Molly Ringwald (dos filmes de John Hughes), que fez par romântico com ele no agora clássico juvenil ‘Pretty in Pink’ (‘A garota rosa-shocking’). Nem todos respondem de imediato. Alguns, como a própria Molly, diz que ‘vai pensar uns dias’. Andrew avisa, nas mensagens, que está fazendo um documentário sobre o Brat Pack (ele já havia escrito um livro a respeito, a partir de seu ponto de vista), e quer ver se pode contar com depoimentos deles. Molly, acabou não topando aparecer. Outros, como Judd Nelson, sequer retornaram ligação.
Quanto às reticências que McCarthy mostrou ter sobre o rótulo ‘Brat Pack’ (a princípio, ele e alguns dos outros, dizem ter odiado o termo, que foi ruim para as carreiras). Mas, até o fim do documentário, ele repensa sua opinião. Entre os que o responderam, de imediato, está Emilio Estevez (agora, muito parecido com o pai, Martin Sheen). A princípio, a matéria que resultou no termo ‘brat pack’, seria apenas sobre ele, Emilio, só um perfil. Mas acabou sendo ampliada para os outros da turma. Outra que respondeu logo, foi Ally Sheedy (a moça dark de ‘The Breakfast Club’, este sim, filmaço). Como só McCarthy mora em Nova York, ele voa para a Califórnia para encontrar a turma. Nenhum deles se viu (ou se falou) nos últimos 35 anos!
No documentário, o mais desencanado e menos na defensiva, é Rob Lowe (que, nos anos 90, caiu em desgraça, por ter sido pego com uma menor de idade, o que meio que acabou com sua carreira por um tempo). Lowe não parece se levar muito a sério e ainda tem seu cabelo, aparência jovem e boa forma física. Ele mostra que está de boa, por ter sido um membro de carteirinha desse clube (nunca teve problema com o termo ou em fazer parte da turma). Atualmente, ele estrela e é co-roteirista e co-criador da série ‘Unstable’, que já está com uma nova temporada garantida, na Netflix.
Já Lea Thompson (a mãe/namorada de Marty McFly, em ‘De volta para o futuro’) se considera uma brat packer ‘adjacente’, já que estrelou ‘Some kind of wonderful’, que é uma espécie de refilmagem com os papéis trocados, de ‘Pretty in pink’, dirigida por Howard Deutch, com quem se casou (são os pais da atriz Zoe Deutch). E, da turma toda, a que parece ser a mais bem sucedida, sem dúvida, é Demi Moore. A única que mora numa magnífica mansão numa colina com vista para o mar. Os outros, vivem modestamente, dentro do que é modesto para os padrões de um (ex)astro de Hollywood.
Vamos torcer para que ‘Brats’ chegue ao catálogo do streaming Disney+ no Brasil (geralmente, as produções da Hulu levam até dois meses para chegar lá). O doc, simbolicamente acaba com uma versão para (‘Don´t you) Forget about me’, do Simple Minds.