Reinaldo Glioche
Há uma nova, e preocupante, tendência em Hollywood. Estúdios de cinema estão abandonando filmes prontos por receios de prejuízo comercial. Depois que David Zaslav, o CEO da Warner Bros. Discovery, cancelou o lançamento de “Batgirl”, filme que já estava pronto, avolumaram-se casos de filmes prontos – ou em pós-produção – abandonados por estúdios de cinema.
A própria Warner cancelou o lançamento de “Coyote vs Acme”, estrelado por John Cena, que está em vias de ser negociado com a Amazon. A Disney decidiu não promover o lançamento de “Clube dos Vândalos”, filme que fez sucesso nos festivais outonais no hemisfério norte, e removeu o longa de seu calendário de estreias. A decisão fez a produtora New Regency procurar uma nova distribuidora para o longa estrelado por Austin Butler e Tom Hardy. Há duas semanas, a Focus adquiriu os direitos – a distribuição internacional fica por conta da Universal Pictures – e planeja um lançamento em 2024, o que ratifica a ausência do longa na próxima temporada de premiações.
Há de se ponderar que os estúdios não estão tomando essas decisões meramente pelo potencial comercial dos filmes. É uma combinação de fatores que vai desde resultados ruins nas exibições teste, contenção de despesas de marketing e, no caso de “Clube dos Vândalos, incredulidade nas chances do filme vingar nos prêmios. Todavia, não deixa de ser alarmante que tais intercorrências, comuns no negócio do cinema, sejam agora motivadoras para decisões executivas que comprometem não apenas o trabalho de um punhado de gente e represente desperdício de dinheiro, mas também uma ameaça ao cinema em sua essência hollywoodiana.
A margem de erro precisa existir em qualquer negócio e essa nova tendência parece dirimi-la, farsescamente, do business hollywoodiano. A ver como, e em quais termos, essa história se desenrola.