Reinaldo Glioche
Sua presença magnética em “Bastardos Inglórios” (2009), a obra-prima de Quentin Tarantino, em um papel pequeno fez com que Hollywood finalmente se rendesse aos encantos do alemão de ascendência irlandesa que já havia feito pequenos filmes ingleses, mas que atingia ali o estrelato aos 32 anos de idade.
Em 2011, Michael Fassbender era mania cinéfila. Estava em 7 filmes lançados naquele ano, inclusive o blockbuster cult “X-Men: Primeira Classe” (2011), em que deu viva ao icônico Magneto e o drama independente “Shame, sua então terceira colaboração com o cineasta Steve McQueen. Outros longas de prestígio naquele ano foram a fita de ação “À Toda Prova”, de Steven Sodebergh e o cerebral “Um Método Perigoso”, de David Cronenberg.
Nos anos seguintes, Fassbender seria indicado ao Oscar pela primeira vez, pelo escravocrata de “12 Anos de Escravidão” (2013), pela segunda vez, por sua interpretação de Steve Jobs no filme homônimo de 2015, virou a principal face do reboot de “Alien” e sem deixar de atuar em filmes menores como “Frank” (2013) e “Macbeth: Ambição e Guerra” (2015).
Essa superexposição, talvez, seja parcialmente responsável pelos reiterados fracassos que viriam a partir de 2017. Depois de uma safra intensa de ótimos projetos, a canoa de Fassbender furou com a adaptação do game “Assassin´s Creed” (2016) e com o thriller “Boneco de Neve” (2017). Além desses dois filmes, o ator esteve em outros seis filmes entre 2016 e 2017. Ele percebeu que precisaria descansar sua imagem e fazer um recuo estratégico.
Depois do lançamento de “X-Men: Fênix Negra” em maio de 2019 – o filme já estava pronto desde 2017, mas foi adiado por conta da venda da FOX para a Disney -, não se viu mais Fassbender no cinema. O ator preparou cuidadosamente seu retorno para este fim de 2023, tutelado por dois dos autores mais festejados do cinema americano atual: David Fincher e Taika Waititi.
A estratégia se assemelha àquela de 2009, quando serviu à visão de Tarantino e McQueen. Com Fincher, rodou “O Assassino”, que chega à Netflix em 10 de novembro depois de integrar a programação do Festival de Veneza e rápida exibição nos cinemas. No longa, ele interpreta um metódico assassino profissional em um retorno do cineasta ao tema que lhe deu fama. O filme reúne críticas positivas, principalmente para a atuação do ator.
Já em “Quem Fizer Ganha”, ele vive um treinador de futebol que experimenta um choque cultural quando vai treinar a seleção de Samoa Americana. O filme, que ostenta todas as peculiaridades do humor do cineasta neozelandês, está sendo comparado à série “Ted Lasso”, pela semelhança temática e resoluções narrativas.
A diferença entre esse ciclo e o do início da década passada é que Michael Fassbender tem menos urgência para encaminhar projetos. Ele tem dois filmes para rodar tão logo a greve dos roteiristas acabe e parece muito mais seletivo com os projetos que irá estrelar. Seu nome é aventado em outros três projetos com previsão de lançamento até 2025. Todos com pedigree artístico e algum peso comercial, mas nenhum blockbuster. São filmes de estúdio, mas sem tanta pressão comercial – principalmente sobre o ator. Trata-se de um retorno bem urdido pelo staff do ator e que deve render bons frutos.