Novo disco de Kylie Minogue é um arraso e, de certa forma, se presta ao papel de fazer uma retrospectiva da carreira da diva, sem deixar de apontar para o futuro
Por Reinaldo Glioche
Kylie Minogue surpreendeu a todos com o sucesso estrondoso de “Padam Padam” no início do ano, uma música que não apenas cativou sua base de fãs LGBTQ+, mas também se tornou seu single mais bem-sucedido em mais de uma década. Essa canção trouxe uma onda de entusiasmo não vista desde a era de “Fever” e gerou grande expectativa para seu 16º álbum de estúdio, “Tension”. O êxito de “Padam Padam” foi inesperado, mas provavelmente se deveu à sua singularidade. Sua introdução em tom menor e sua melodia sedutora, quase hipnotizante, estavam em contraste com os hits “feel-good” ao estilo Cher que Minogue havia dominado anteriormente. Nessa faixa, Minogue colaborou com o produtor Lostboy, que também co-escreveu a música, injetando assim algo novo em sua sonoridade.
Seu álbum anterior, “Disco”, lançado em 2020, foi um exercício de gênero bem-sucedido que encantou seus fãs fiéis. No entanto, em “Tension”, Minogue e sua gravadora, a BMG, optaram por algo mais leve, sem um tema específico, apenas boas canções pop prontas para a pista de dança. “Padam Padam” foi o ponto de partida para esse álbum, uma explosiva canção ao estilo Eurovision que impulsionou a veterana estrela pop para os holofotes do cenário musical, uma vez mais, competindo com artistas mainstream como Dua Lipa e Olivia Rodrigo.
Após o sucesso avassalador de “Padam Padam” durante o verão europeu, 157 milhões de streams registrados no período, todos os outros singles do álbum foram segurados, mantendo assim o hype até o lançamento da faixa-título, “Tension”, em setembro. Essa música, com sua pegada de piano house alinhada à música contemporânea do Reino Unido, trouxe Minogue de volta às paradas de sucesso e marcou seu retorno à colaboração com o renomado compositor Richard “Biff” Stannard. Embora “Tension” não tenha cumprido completamente a promessa de renovação trazida por “Padam Padam”, ele se tornou um álbum confiável, pronto para remixes de clubes e para tocar nas ruas movimentadas.
A força de um ícone
Kylie Minogue, desde os icônicos álbuns “Fever” e “Body Language” nos anos 2000, consolidou sua posição como uma diva influente, fornecendo uma trilha sonora consistente para baladas e rádios. Seus sons se tornaram açucarados e de ritmo médio ao longo dos anos, com estética suave como algodão doce e sintetizadores que se misturam harmoniosamente com sua voz, embalando letras doces sobre superação de desilusões amorosas e autoafirmação.
No novo disco, destacam-se canções como “Hold On To Now”, uma ode ao carpe diem, e “Tension”, com seu refrão cativante e acordes de piano empolgantes. No entanto, o álbum também apresenta momentos desajeitados, principalmente devido à produção de Stannard, que subjugou a sensualidade de algumas faixas e tornou outras menos impactantes.
Como Minogue canta em “Hold On To Now”, ela nos faz sonhar com a ideia de que estaremos dançando para sempre, flutuando nesse sentimento juntos. Com a estrela no comando, é fácil acreditar nessa magia, especialmente quando você está no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas na pista de dança.