Redação Culturize-se
Duas casas icônicas projetadas e habitadas pelo renomado arquiteto modernista João Vilanova Artigas, localizadas no bairro Campo Belo, em São Paulo, e tombadas como patrimônio histórico, estão atualmente à venda através da Refúgios Urbanos.
Construídas na década de 1940, essas casas refletem diferentes facetas do pensamento arquitetônico de Artigas. Apesar de terem sido erguidas com uma curta diferença de tempo entre si, apresentam características arquitetônicas distintas, mantendo sua relevância devido à simplicidade e à eficácia de seus designs.
A primeira das duas casas, conhecida como a “Casinha do Artigas”, é notável por sua simplicidade plástica e complexidade em termos de projeto. Inspirada na obra de Frank Lloyd Wright, a casa foi construída em um ângulo de 45 graus em relação aos limites do terreno. Seu interior apresenta uma circulação cíclica e espaços integrados, com a sala de estar, sala de jantar, cozinha e banheiro no nível de entrada, o ateliê ligeiramente abaixo e o quarto um nível acima.
A segunda residência, projetada em 1949, no mesmo terreno, divide-se em dois blocos definidos pelas “asas” do telhado. Um bloco abriga a sala, o terraço e o ateliê, enquanto o outro contém três quartos, a cozinha e dois banheiros. Além disso, foi adicionado um anexo para a garagem, coberto por uma abóbada, com uma conexão para a casa, criando um pátio de serviço. Essa segunda residência, por sua configuração espacial e localização no bairro Campo Belo, pode ser adaptada para uso comercial. Notavelmente, ambas as casas, apesar de estarem no mesmo terreno, são completamente independentes e somam 350 metros quadrados de área construída em um lote de 1.000 metros quadrados.
A peculiaridade da segunda residência reside em seu pé-direito alto, que segue a inclinação da cobertura e cria uma sensação de espaço expansivo devido às vedações de vidro. A lareira, com nichos para livros e obras de arte, é o elemento central da casa, dividindo o espaço em dois blocos marcados pelas “asas” do telhado. Um bloco é destinado ao convívio social, incluindo a sala de estar, varanda e estúdio, enquanto o outro, escondido quando a porta de entrada está aberta, abriga a cozinha, quartos, banheiros e o pátio de serviço.
As casas, originalmente sem muros, incorporam soluções inteligentes para garantir a privacidade. As paredes laterais do living são vedações independentes sem função estrutural, enquanto a implantação diagonal da garagem cria um corredor de circulação protegido da vista da rua.
Ambas as casas mantêm detalhes como paredes de tijolos e pisos de “vermelhão” para manter a unidade estética do projeto. A relevância dessas casas está na sutileza das decisões de projeto, onde forma e função estão intrinsecamente ligadas, demonstrando a maestria de João Vilanova Artigas.
A relevância dessas casas reside na capacidade de unir eficiência e poesia em suas formas arquitetônicas, motivo pelo qual devem ser preservadas. Atualmente, uma das casas abriga um café e o Instituto Casa Vilanova Artigas, enquanto a outra permanece ocupada pela família, que luta para preservá-la. Elas representam ícones da arquitetura residencial paulistana e são testemunhos da genialidade de João Vilanova Artigas.