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1ª Bienal Rio Arte e Tecnologia acontece no Museu do Amanhã

Nova Bienal Rio Arte e Tecnologia fica aberta para o público até 30 de outubro. Confira detalhes a seguir

Agência Brasil

A primeira edição do Nova Bienal Rio Arte e Tecnologia, que passa a integrar o calendário de programação cultural do estado do Rio de Janeiro, acontece no Museu do Amanhã, até o dia 30 de outubro, sempre de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, com última entrada às 17h. Às terças-feiras, a entrada é gratuita. Nos demais dias, os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). A venda dos ingressos por meio online, no endereço de bilheteria digital.

O curador, artista e filósofo Ricardo Barreto explicou à Agência Brasil que o termo Nova está sendo usado tanto como adjetivo como substantivo, referindo-se à estrela Nova, que é uma estrela anã que, de tempos em tempos, ao extrair material de sua companheira, faz esse material explodir e “dá um brilho muito forte, cerca de 10 mil vezes maior que o sol. É uma coisa gigantesca a luz que ela produz. Semelhante à luz de uma galáxia, quando você olha para o céu”.

Barreto informou que o Nova, no caso da bienal, também é um conceito elaborado este ano, que efetua a união entre arte e tecnologia. De um lado, as pessoas têm toda uma poética, uma estética, todo um histórico ligado às artes. De outro lado, no caso da tecnologia, são pessoas que estão inovando com novas linguagens e novas questões tecnológicas.

“A junção dessas duas coisas construiu o conceito do Nova. O Nova é, então, a fusão entre o modo de fazer artístico junto com o modo de fazer tecnológico, a inovação. A partir dessa fusão, nós construímos o conceito que isso para gente é o Nova”, explicou o curador.

Bienal Rio Arte e tecnologia
Fotos: Divulgação

De acordo com o curador, uma das características da arte com tecnologia é a interação. “E é justamente a interação com o público que o Nova Bienal Rio busca, seja pela expressão artística, seja pelo lado da tecnologia. Daí o evento abranger dois procedimentos. Uma exposição externa com trabalhos mais analógicos, mas que têm característica de interação. Dentro, são também várias obras, a maior parte interativa, que trabalham com inteligência artificial e vários outros mecanismos tecnológicos”, disse Barreto.

Ao todo, são expostas 70 obras de 66 artistas, coletivos e estúdios de 30 países, dos quais dez representam o Brasil. “A gente quer mostrar como a interação é algo que existe também fora do mundo da pura tecnologia”, salientou Ricardo Barreto. Dentro e fora do Museu do Amanhã, o público poderá ter experiências únicas com realidades aumentadas, realidades virtuais, trabalhos com inteligência artificial, instalações interativas, machine learning (aprendizagem de máquina), animações, gameart (jogo digital como obra de arte) e vídeos.

Impactos

A coordenadora de Produção e Conteúdo do Museu do Amanhã, Amarílis Lage, disse que a conexão do Nova Bienal Rio com o equipamento ocorre porque, tradicionalmente, o MAR tem abordado nas suas programações exposições e outros projetos que desenvolve com diversos públicos a questão do impacto da tecnologia na sociedade. “É um museu em que as pessoas associam tradicionalmente a tecnologia, a inovação, mas esse tema está sempre ancorado em dois pilares estéticos que temos aqui no museu e em todas as nossas atividades, que são o pilar da convivência e o pilar da sustentabilidade. É nesse contexto que a gente sempre procura promover uma reflexão sobre o impacto que a tecnologia, ou inovação tecnológica, pode ter hoje e, também, no futuro, sempre convidando as pessoas a imaginarem as perspectivas futuras para as modificações que nós estamos vivendo”, disse à Agência Brasil.

Segundo Amarílis, o evento Nova Bienal Rio de Arte e Tecnologia é visto então como uma grande oportunidade de mostrar para o público como as inovações tecnológicas resultam em novas formas de se expressar artisticamente e como vários desses trabalhos promovem um olhar crítico e reflexivo sobre essas temáticas que dizem respeito a todos. Ela ressaltou ainda que há trabalhos que subvertem o olhar para o espaço urbano. Seis obras que estão fora do espaço do museu, na Praça Mauá, com acesso gratuito, convidam a repensar a relação com o espaço urbano e como a população usufrui das áreas públicas.

Já dentro do MAR, há trabalhos que abordam a questão da saúde e novas tecnologias que foram desenvolvidas para diagnósticos e abrem para novos experimentações artísticas; obras que abordam a questão da poluição, da vigilância. “São inúmeras temáticas que podem ser trabalhadas a partir de cada um desses processos”, disse.

Amarílis Lage disse que uma das premissas da bienal é a fusão do artístico com a inovação tecnológica. “Porque, na prática, é como as coisas são. As inovações e os avanços em cada área não ocorrem separadamente”.

Em exposição recente no MAR, que tratou da história do celular, se mostrou como o aparelho impactou na educação, no processo democrático, na saúde física e mental das pessoas e deu margem ao surgimento de novos negócios. “Muito além de dizer que a inovação é boa ou ruim, o importante é entender a complexidade cultural em que essa inovação chega e que impactos ela pode proporcionar”, explicou. Por isso, disse, que a ideia de fusão entre o artístico e o tecnológico faz sentido porque surge da aproximação entre duas áreas que, muitas vezes, são consideradas distintas.

Destaques

Entre os trabalhos expostos, destaque para o game (jogo) The Great Adventure Of Material World, de Lu Yang, com lançamento inédito no Brasil. Lu Yang cria imagens fantásticas que representam uma mistura interdisciplinar de filosofia, neurociência, psicologia e tecnologia moderna, assim como alusões a formas reais de vida e estruturas de origem natural e religiosa. Sua produção abrange mecanismos de jogos, filmes com animações 3D, instalações jogáveis, hologramas, performances de captura de movimento e realidade virtual.

Outro exemplo é Gabriel Massan, artista brasileiro, que usa sua experiência em desenvolvimento de animação 3D para criar ecossistemas virtuais inteiros, com base no conceito de Fabulação Crítica, de Saidiya Hartman.

Entre as instalações de arte pública, destacam-se as esculturas fantásticas movidas a vento, de Theo Jansen, e a estrutura arquitetônica penetrável do estúdio Numen/For Use. Já nas esculturas articuladas Polytope, da artista brasileira Ludmila Rodrigues, que faz referência à obra Bichos, de Lygia Clark, o público poderá criar múltiplas composições e experimentar com o espaço. A instalação sonora Estrela Sensível, do Estúdio Guto Requena, capta a sonoridade do ambiente em que está inserida e com a interação do público, gera novas criações sonoras.

Na sala de estar do MAR, o visitante encontra uma experiência estética única com a obra Control no Control, do estúdio canadense Iregular. Trata-se de um cubo composto por painéis de led de três metros que responde ao toque. Já em Lines, do artista dinamarquês Anders Lind, os visitantes terão uma experimentação sonora livre para compor com instrumentos musicais que são ativados por linhas dispostas ao longo do corredor de entrada do Espaço Expositivo Temporário.

A instalação Tube convida os visitantes a explorar uma rede arquitetônica tridimensional. A suspensão da rede faz com que ela balance e se mova enquanto os visitantes se movem juntos pela formação sinuosa. A transparência cria uma sensação de flutuar livremente e também uma tensão entre a segurança de estar cercado pela rede de suporte e o perigo da altura vertiginosa.

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