Feira literária de Paracatu (MG), a Fliparacatu, acontece entre os dias 23 e 27 de agosto e deve receber cerca de 30 mil pessoas
Redação Culturize-se*
Escritores renomados da literatura confirmaram sua participação na primeira edição do Festival Literário de Paracatu, em Minas Gerais, que terá início na quarta-feira (23) e se estenderá até domingo (27). Dentre os participantes destacam-se os brasileiros Conceição Evaristo, que é a autora homenageada, Itamar Vieira Junior e Jeferson Tenório, além do escritor moçambicano Mia Couto. O festival tem como tema central “Arte, Literatura e Ancestralidade,” com o objetivo de abordar uma perspectiva antirracista.
Todas as mesas de discussão, palestras e outras atrações do festival são de acesso aberto e gratuito, programadas para acontecer em diversos locais no centro histórico da cidade mineira de Paracatu, localizada a 500 km de Belo Horizonte. Os organizadores estimam que aproximadamente 30 mil pessoas participarão do evento.
A iniciativa tem o objetivo de dar visibilidade a Paracatu, uma cidade com uma população em que 73% são negros, e que tem uma rica história que remonta à época da exploração do ouro, bem como da escravidão e resistência. Afonso Borges, o curador e idealizador do festival, destaca que os moradores e visitantes respiram arte no local, que possui mais de 600 espaços tombados pelo Iphan. O festival também presta homenagem ao escritor Afonso Arinos, nascido na cidade.
Redescobrindo Portinari
Outros autores confirmados no festival têm trajetórias, estilos e experiências diversas, representando uma ampla gama da literatura contemporânea. Além da literatura, o festival também abrange outras formas de arte. Um exemplo é a exposição de 42 reproduções das obras do renomado pintor Cândido Portinari, intitulada “Portinari Negro,” que destaca o olhar do artista sobre questões culturais, exploração, opressão e racismo. As obras estão expostas na Praça Matriz de Santo Antônio.
João Candido Portinari, filho do artista, é o curador da exposição e ressalta que a seleção de obras está intrinsecamente ligada à principal inspiração de seu pai, que era a representação do povo negro em suas diversas atividades, sejam festivas ou laborais. Ele observa que a temática de ancestralidade do festival se alinha perfeitamente com a obra de seu pai, que frequentemente denunciava a opressão e a miséria enfrentadas pelas pessoas em busca de melhores condições de vida, como retratado na famosa obra “Retirantes.”
Portinari também será objeto de uma palestra durante o evento, explorando o tema do racismo e a relação entre Portinari e os escritores. Além das obras clássicas como “Retirantes” e “O Mestiço,” as obras de seu pai que João Candido Portinari mais aprecia, e que serão exibidas em Paracatu, incluem “Casamento” e “Casamento na Roça.” Neste ano em que se celebra o 120º aniversário do nascimento do artista, explorar sua obra é uma oportunidade para os visitantes compreenderem o impacto atemporal e a relevância da arte.
*com informações da Agência Brasil