Montagem com Ana Beatriz Nogueira, Natália Lage e Kika Kalache fica em cartaz no Sesc 24 de Maio entre 29/06 e 23/07
Redação Culturize-se
O espetáculo “Sra. Klein”, dirigido por Victor Garcia Peralta, traz à tona a história de uma família disfuncional e a relação tóxica entre mãe e filha. Ambientado em um único dia na primavera de 1934 em Londres, a peça aborda os dramas familiares da psicanalista austríaca Melanie Klein. O diretor aposta na identificação do público, destacando as dificuldades presentes nesses laços familiares.
Essa nova encenação, diferente da montagem original de Peralta na Argentina há 33 anos, busca uma abordagem menos realista. O enredo fascinante sobre os dramas familiares de Melanie Klein já foi encenado no Brasil duas vezes, nas décadas de 1990 e 2000. Agora, é a vez de Ana Beatriz Nogueira assumir o papel principal, ao lado de Natália Lage e Kika Kalache, com produção de Eduardo Barata.
Ana Beatriz Nogueira, que nutria o desejo de interpretar a personagem-título desde que assistiu à versão dirigida por Eduardo Tolentino em 2003, vê a maturidade como uma oportunidade para dar vida a esse papel complexo. A atriz tem se dedicado a pesquisar a obra e a personalidade da psicanalista, mas também enfatiza a importância de criar a personagem a partir de sua própria interpretação, abandonando as referências externas conforme avança na construção do papel.
Natália Lage, que interpreta Melitta, a filha de Klein, destaca os conflitos entre mãe e filha como elemento central da peça. As personagens lidam com a morte do filho/irmão mais novo que acaba de cometer suicídio, e a relação entre elas se desdobra em uma trama de violação da intimidade, vingança e confrontos intensos.
Kika Kalache, no papel de Paula, representa o terceiro vértice dessa discussão. Ela oscila entre a amizade com Melitta e sua devoção a Klein, sua mentora. A personagem tem uma visão mais observadora da história, refletindo o ponto de vista do público.
Nessa nova montagem, Peralta adotou uma abordagem contemporânea, mesclando os figurinos dos anos 1930 com elementos da moda atual. A presença de três mulheres e 18 cadeiras em cena cria um quebra-cabeça cênico. O diretor destaca o paradoxo das analistas, tão habilidosas em ouvir e tratar os problemas de seus pacientes, mas incapazes de se ouvirem e enfrentarem suas próprias questões. O humor sarcástico das personagens também é ressaltado como um elemento marcante da peça.
“Sra. Klein” oferece a oportunidade de reavaliar as relações familiares, abordando não apenas a morte, mas também as questões cotidianas e os lutos que acompanham as nossas certezas e crenças. Com um elenco talentoso e uma abordagem contemporânea, a peça promete envolver o público em uma jornada intensa e reflexiva sobre as complexidades das relações familiares.