“A Cabeça de Jorginho” é composta por aproximadamente 50 obras, traz um conjunto de intervenções na arquitetura da galeria, com pinturas realizadas diretamente sobre as paredes
Redação Culturize-se
O pensamento crítico que molda o trabalho de Rafael Alonso é incisivo e implica o humor e pode ser percebido com clareza na mostra “A Cabeça de Jorginho”, em cartaz na Galeria Marília Razuk, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, até 5 de agosto.
O título da exposição refere-se a um personagem criado pelo artista. O Jorginho mencionado ali é um pintor “jovem” e “inconsequente”, filho da Mãe Mercado e do Pai História. Mas o cara é mimado mesmo por sua Vovó Pintura, que o tempo todo lhe atende os caprichos e lhe oferece paparicos, como um delicioso bolo de paisagem invernal, com muita tinta cremosa, nas cores azul e branca. Jorginho gosta de adrenalina e velocidade, pilota moto, pratica jiu-jitsu e só faz aquilo de que gosta. Para ele, “não há moral, não há conflito, apenas flutuação”. Ué, alguém chamou isso de “arte contemporânea”?
É dessa dinâmica mutável e livre que a exposição é pautada, com um conjunto de intervenções na arquitetura da galeria e cerca de 50 obras reunidas. “É o resultado de aproximadamente 2 anos de pesquisa. A narrativa d’ ‘A cabeça de Jorginho’ propõe percursos de investigação formais e conceituais. Ora, através da desconstrução dos ‘shapes’ tradicionais das pinturas, ora inserindo a palavra como elemento estruturante, ora explorando signos visuais da cultura de massa brasileira a fim de produzir um comentário acerca de certas incongruências da sociedade contemporânea”, conta Rafael Alonso.
A história de Jorginho foi escrita por Alonso como capítulo de sua tese de doutorado, defendida no ano passado, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A narrativa surge na mostra contada por uma voz feminina, reproduzida nos alto-falantes que compõem um dos trabalhos, Stardust Memories (2023).
Sobre a Galeria Marília Razuk
A Galeria Marília Razuk, que representa o artista desde 2021, foi inaugurada em 1992, com o objetivo de divulgar, promover e difundir a produção contemporânea, através da representação de artistas nacionais e internacionais de distintas gerações, da participação em feiras internacionais, e de exposições organizadas por curadores convidados.