Artefatos fotográficos mais antigos que se tem notícia são submetidos à análise científica

Redação Culturize-se

Um grupo de cientistas, pesquisadores e estudiosos analisou três artefatos fotográficos das Américas, obras de Hercule Florence, artista e inventor do século XIX. Essas imagens, consideradas algumas das primeiras do mundo, representam um avanço na fotografia antiga. O estudo contou com o apoio do Getty Conservation Institute, do Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, do Instituto Hercule Florence (IHF) e do Instituto Moreira Salles (IMS).

Obra de Hercule Florence sendo examinada em laboratório |Foto: Jorge Simão

Hercule Florence, um europeu de origem franco-italo-monegasca que se estabeleceu no Brasil, teve uma vida eclética como inventor, desenhista, pintor, tipógrafo e naturalista. Durante a década de 1830, ele buscou produzir imagens em massa sem a necessidade de um artista. Em seus experimentos, ele enfrentou dificuldades para evitar que as imagens escurecessem quando expostas à luz. Para isso, utilizou água e até urina.

Um dos experimentos documentados por Florence em 1833 envolvia escurecer um pedaço de vidro, gravar desenhos nele e colocá-lo sobre uma folha de papel sensibilizado com nitrato de prata. Esse método criava uma imagem positiva em vez de negativa. Acredita-se que Florence tenha usado esse ou um processo similar para criar os três objetos fotográficos estudados: uma borda decorativa para um diploma maçônico e dois modelos de etiquetas para rótulos de remédios.

As imagens foram examinadas no Laboratório HERCULES por um grupo de especialistas liderado por Art Kaplan, do Getty Conservation Institute, e António Candeias, da Universidade de Évora. Foram utilizadas técnicas analíticas, incluindo fotomicrografia, fluorescência de raios-X e análise ATR-FTIR. Os cientistas descobriram semelhanças entre o papel utilizado por Florence e materiais de arquivo existentes. Identificaram também prata no diploma e ouro nos rótulos dos remédios, além de maior quantidade de proteína nos rótulos, possivelmente indicando a presença de urina.

Os especialistas continuarão analisando as obras de Florence em busca de mais informações e uma melhor compreensão de suas inovações pioneiras. A pesquisa é considerada uma prioridade pelo Instituto Hercule Florence, visando à preservação desses artefatos por mais 190 anos.

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