Redação Culturize-se
Você já passou por situações constrangedoras, como recusar pagar a taxa de serviço em um bar, ser questionado sobre seu CPF ao fechar compras ou presenciar pais fazendo festas de “mêsversário” para recém-nascidos? Essas situações são retratadas em vídeos que fizeram a criadora de conteúdo Mai Purper, de 31 anos, se destacar na plataforma de criação e compartilhamento de vídeos Kwai. O que diferencia seus vídeos é a habilidade única que a ruiva tem de transformar momentos embaraçosos em comédia, brilhando ao retratar situações em que é impossível não sentir vergonha alheia.
Com pausas dramáticas, olhares marcantes e um clima peculiar de “calma caótica”, as esquetes de Mai Purper se espalham pelas redes sociais, acumulando mais de 3,3 milhões de curtidas e sendo compartilhadas em diversos perfis de humor.
Nascida em Alvorada, no Rio Grande do Sul, Mai Purper inicialmente trabalhava como designer gráfica. No entanto, quando a pandemia da COVID-19 chegou e a casa noturna onde ela prestava serviços gráficos teve que fechar, Purper se viu desempregada e em casa com seu companheiro. Foi então que surgiu a ideia de gravar as “palhaçadas” que ela sempre fazia em casa, e seu namorado a encorajou, pensando que o público da internet poderia gostar. No início, ela ficou intrigada com a ideia, e os primeiros vídeos surgiram como um passatempo, já que não havia muito o que fazer durante a pandemia em casa. Ela criou a personagem “Podre de Rica”, ironizando o estilo de vida de pessoas ricas usando objetos simples que tinha em casa, como se fossem “coisas de rico”. A popularidade da personagem começou a crescer, e ela percebeu a oportunidade de abandonar a persona e se concentrar na criação de conteúdo diversificado que mostrasse seu verdadeiro eu, já que os vídeos mais assistidos eram os que retratavam situações próximas à sua realidade.
“Eu entendi que a criação de conteúdo tinha se tornado meu trabalho quando as pessoas começaram a me reconhecer na rua”, conta Mai. Seu sucesso está ligado à sua capacidade de se conectar com o público por meio de situações simples pelas quais todos já passaram. “Não me envergonho facilmente e acho praticamente impossível alguém me deixar envergonhada. Mas sou especialista em sentir vergonha alheia, então quando alguém se sente estranho em uma situação, eu acho hilário e me esforço para recriar essas situações embaraçosas”. Isso gera risos e empatia com os usuários. “Algumas pessoas, quando começaram a assistir meus vídeos, disseram: ‘Meu Deus, preciso sair desse vídeo’, porque não aguentaram tanta vergonha alheia. Eu acho ótimo, porque consegui retratar bem a situação”.
Entre seus vídeos mais populares na internet, estão os famosos “Paga ou não paga os 10% da taxa de serviço?” e “CPF na nota”.
Mesmo com seu inegável talento em arrancar risos e entreter seu público nas redes sociais, a humorista enfrenta desafios e estereótipos no mundo do humor online. A criadora de conteúdo relata que é confrontada com comentários sexistas e estereotipados, que reforçam a ideia equivocada de que as mulheres não possuem senso de humor.
Apesar desses ruídos, Mai Purper continua a criar conteúdo autêntico e engraçado, desafiando os estereótipos de gênero e inspirando outras mulheres a seguirem seus sonhos, independentemente dos obstáculos que possam surgir. “Já participei de várias colaborações com amigas que também fazem humor, e fico extremamente feliz quando mais mulheres se destacam nesse meio”, conclui Mai.