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Filme “Air” é uma viagem na máquina do tempo rumo aos anos 80

Tom Leão

Na época em que “De volta para o futuro” (‘Back to the future’) foi lançado, o filme se passava em 1985, e seus personagens principais voltavam no tempo 30 anos, até 1955, nascimento do rockn´roll. Uma das coisas mais bacanas no filme, é quando a jovem (feita por Lea Thompson) pega Marty McFly (Michael J. Fox) com pouca roupa, e ele está usando cuecas Calvin Klein, além de ter uns sapatos diferentes, o clássico tênis Nike.

Se naquela época, anos 80, voltar 30 anos para trás parecia um bocado de tempo (para mim, quando assisti, parecia outro século), quando assistimos a “Air: a história por trás do logo” (“Air”, 2023), que estreia no Amazon Prime Video na sexta (12), voltamos 40 anos, e nos sentimos ainda mais velhos. E, parece que entramos numa cápsula do tempo, muito mais distante, mas tão próximo, já que os anos 80 estão aí, batendo na porta, o tempo todo. E, mesmo sob a perspectiva dos americanos, sua abertura nos faz lembrar de muitas coisas que também foram consumidas/conhecidas por aqui, na época ou depois. Lembrando que, então, tudo chegava cá com um certo atraso, e ainda vivíamos sob ditadura militar, bom frisar.

 “Air” se passa em 1984 (um ano antes de McFly ir para 55), quando ainda não tínhamos aqui a MTV (só dava para ver através de fitas de VHS exibidas em vídeo bar, uma moda daqueles tempos), os tênis Nike do McFly ou mesmo os Air Jordan, eram difíceis (e caros) de se encontrar, só se fossem importados. Mesmo os VCR (vídeo cassete recorders) que Sonny Vaccaro, o personagem de Matt Damon, usa o tempo todo — os famosos aparelhos tocadores e gravadores de videocassete — ainda não eram uma presença constante nas casas brasileiras (isso se deu mais na segunda metade dos 80s). Quando Sonny precisa receber um recado, é avisado pelo pager/beeper (um treco que ‘bipava’) e precisa ir até um telefone público (!) mais próximo para ligar de volta ou pegar o recado. Não havia celulares, e as secretárias eletrônicas caseiras também eram um luxo (e caras). São pequenas coisinhas que a gente nem imagina como era viver sem. Tecnologia de ponta, então.

  No elenco, a sempre ótima Viola Davis, como a mãe de Michael Jordan (pedido pessoal, do próprio, para o diretor do filme, Ben Affleck); Matt Damon, está bem como o cara que apostou no sonho de fazer de Michael Jordan o astro em forma de tênis. Já Affleck (que faz o CEO da Nike) procurou dar uma cara bem 80s ao filme, com a fotografia imitando texturas de vídeo.

 A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é um dos pontos altos do filme. E, caso você queira fazer uma mixtape em seu serviço de streaming favorito, aqui os destaques:

  • Money for Nothing”, Dire Straits: a música que lançou a banda inglesa ao estrelato, ao criticar os popstars da MTV.
  • “Blister in the sub”, o som mais usado dos Violent Femmes.
  • “All I need is a miracle”, maior hit da superbanda Mike + The Mechanics, formada por Mike Rutheford e integrantes do Genesis, entre outros, durante hiatos da banda principal.
  • “Born in the USA”, clássico de Bruce Springsteen que, em dado momento, é ‘explicada’ pelo personagem de Affleck, de que ela não é uma música ufanista e patriota, como seu título sugere. Mas, justamente, contra os USA, do ponto de vista de um veterano da guerra do Vietnã, que está puto com seu país.
  • “Rock the Casbah”, o grande hit americano do disco de maior sucesso do Clash, ‘Combat Rock’, que, no filme, simboliza a Converse, fabricante do All Star, depois comprada pela Nike.
  • “My Adidas”, do Run-DMC, que representa a alemã Adidas, que esteve firme na disputa para comprar o passe de Jordan.
  • “In a big country”, sucesso do escocês Big Country, que, no filme, é usada para mostrar a imensidão da América.
  • “Tempted”, belíssima canção da banda inglesa Squeeze.
  • Time after time”, balada atemporal de Cyndi Lauper.

Affleck queria incluir Duran Duran e Eurythmics na trilha, mas os direitos autorais eram muito caros. No fim das contas, “Air” pode não ser um passeio no DeLorean. Mas, é uma viagem pelos sons e climas dos anos 80. Só faltou o cheiro.

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