Tom Leão
No mais recente filme da série “Evil Dead”, que acabou de estrear, “A Morte do Demônio: A Ascensão” (‘Evil dead rise’), numa determinada cena, rapaz, que encontrou velhos discos de vinil de 78rpm, após terremoto — que abriu buraco no porão do prédio onde ele mora –, leva os discos para casa para testá-los (é aspirante a DJ e tem toca-discos) e passa a girá-los com as mãos, para alcançar a rotação certa (já que, a maioria dos toca discos atuais, só tem as rotações 33 e 45rpm). E, fazendo isso, descobre que os discos trazem gravações de um antigo ritual, feito nos anos 1920. Junto com um livro de feitiços, que estava junto com os discos, acaba liberando demônios.
A cena, me fez lembrar daquela lenda de que existiam certos discos, sobretudo de rock metal — os chamados ‘discos satanistas’ –, que, tocados ao contrário, revelariam frases que invocariam o demo. Apesar de o assunto ter sido levantado ainda nos anos 1970, é um mito popular que estourou na década de 1980 e ganhou muita força naquela década, quando o rock passou a ser perseguido por todos os lados, principalmente nos Estados Unidos. Essa bobagem, levantou muitos rumores e histórias sobre músicas que, quando reproduzidas ao contrário, revelariam mensagens subliminares satânicas.
Eu e meus amigos, na época, tentamos isso, com discos do Led Zeppelin! É claro que não conseguimos invocar nada, além de arranhar os discos e ferrar com a agulha. Era tudo muito aleatório e sem nenhum tipo de comprovação. Só dava prejuízo. Nós conectamos o Led Zeppelin ao assunto, por Jimmy Page ser confesso fã do mago Alesteir Crowley, e usar símbolos místicos em suas vestimentas.
Mas, por conta do filme citado (que, não tem, absolutamente, nada a ver com rock), pesquisei sobre o assunto e achei listadas algumas das gravações mais conhecidas associadas a esses boatos. O curioso é que, a maioria, sequer são do gênero metal. E, a única delas, que testei com meus amigos, é uma manjada do Led Zeppelin.
Então, aqui vão algumas das músicas tidas como ‘satanistas’, e que provocavam algo se tocadas de trás para diante (nota: você só pode fazer isso com discos de vinil e um toca-discos; no digital, não)
“Stairway to Heaven” – Led Zeppelin: o clássico da magnífica banda inglesa (e que virou até piada numa cena de ‘Wayne´s World’) é uma das mais famosas “músicas satânicas” tocadas ao contrário. Dizem que, quando tocada de trás para a frente, a letra fala coisas sobre o diabo com mensagens subliminares ocultas. Nunca captei.
“Hotel California” – Eagles: A música foi acusada de apresentar mensagens satânicas quando tocada ao contrário. Alguns afirmam que a letra diz “Satan, he hears this” (Satanás, ele escuta isso) e “The beast with those seven heads” (A besta com as sete cabeças). Nunca fui fã do Eagles e nunca tirei essa prova. ‘Nadavê’.
“Another One Bites The Dust” – Queen: Algumas pessoas relatam ter ouvido a frase “It’s fun to smoke marijuana” (fumar maconha é divertido) quando a música é reproduzida invertida. Hahaha!
“Revolution 9” – The Beatles: uma das músicas mais experimentais da banda, do ‘álbum branco’, foi apontada como contendo simbolismo satânico em sua gravação invertida. Essa, até é das mais divertidas da lista para brincar. Porque o seu ritmo ajuda, com aquela voz dizendo ‘number nine, number nine’ repetidamente. Quando guri, eu costumava desacelerar o disco de minha mãe, nessa parte.
Embora esses rumores sobre músicas satânicas tocadas ao contrário tenham sido amplamente divulgados nos anos 80, não há evidências concretas de que elas tenham sido criadas com qualquer intenção oculta ou maléfica. A maioria dos artistas negou essas alegações, e muitos desses rumores foram desacreditados. Óbvio.
*Nota: embora sem conexões com o satanismo, dizia-se que uma música de Ozzy Osbourne, ‘Suicide Solution’, teria levado jovens americanos a se matar, sobretudo por conta de uma parte em que Ozzy diz: ‘do it!’. A música, faz parte do álbum “Blizzard of Ozz” lançado em 1980. A acusação se baseava, principalmente, na parte da letra que contém a frase “Where to hide, suicide is the only way out”. Alguns grupos conservadores e religiosos alegaram que a música incentivava o suicídio, mas Ozzy Osbourne sempre negou essa interpretação. Ele afirmou que a letra da música foi escrita em homenagem a Bon Scott, vocalista do AC/DC que morreu por overdose de álcool e não como uma incitação ao suicídio.