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Som dos anos 80 eleva experiência “Cobra Kai”

Tom Leão

Não sou muito fã de ‘prequels’, nem de remakes, mal tolero reboots. É preciso ter a ‘manha’, para fazer esse tipo de coisa funcionar. Felizmente, foi o que aconteceu com “Cobra Kai”, série lançada no extinto YouTube Red, há cinco anos, que, da terceira temporada em diante, foi absorvida pela Netflix (que comprou as duas temporadas anteriores e produzirá até a próxima, que será a sexta e última). E, junto, a série trouxe, também, uma trilha sonora bacana, que remete ao som dos anos 80, fazendo todo sentindo na trama. Como acontecia nos filmes do John Hughes, que já comentamos aqui.

  Esta continuação, mais de 30 anos depois, de “Karatê Kid” (filme teen de 1984, que teve duas sequencias diretas, uma indireta, e um remake mais recente), transformou o ator Ralph Macchio (Daniel-san) e seu mestre, o oriental Senhor Miyagi (Pat Morita, já falecido), em ícones pop. Trazer os remanescentes de volta, não parecia promissor, a princípio. Mas, funcionou. Isto porque, eles acharam o foco certo para a continuação.

Foto: Montagem sobre divulgação

  “Cobra Kai“, a série, se passa três décadas depois dos fatos mostrados no primeiro filme, quando Daniel LaRusso derrotou Johnny Lawrence (William Zabka), num campeonato de karatê. Neste corte de tempo, vemos que ambos (feitos pelos atores originais) traçaram caminhos diferentes: Daniel, virou próspero negociante de automóveis, enquanto que Johnny, se tornou uma pessoa amargurada. Este, continuou vivendo no passado: desde as roupas que usa (visual hard rock oitentista) até a sua total falta de jeito para lidar com as novas tecnologias.

  Por isso, o tipo de música que Johnny escuta, continua preso nos anos 80. É assim que, entre riffs genéricos de hard rock, que acompanham seus passos, ouvimos na trilha desde músicas como ‘Back in black’, do AC/DC, ao new wave bacana do Wang Chung, com ‘Dance hall days’, e até mesmo ao pop inglês do Bananarama, via ‘Cruel summer’. É uma viagem.

  Nisso (visual, gosto musical e medo da tecnologia), Johnny tem muito em comum com o brutamontes Pacificador (Peacemaker), da série homônima do HBO. Egresso dos filmes do Esquadrão Suicida, Christopher Smith, conhecido como Pacificador (feito muito bem pelo astro da luta livre John Cena), também se recusa a viver nos dias atuais, e está sempre agarrado a seus vinis de rock farofa (hair metal). Se Pacificador e Johnny se encontrassem, numa realidade paralela, teriam muito o que ouvir. E beber muita cerveja juntos.

  Em “Cobra Kai”, o auge desse amor pelo hard rock oitentista, se deu na terceira temporada, quando o dojo Cobra Kai foi tomado pelo sinistro Kreese (Martin Kove, que está nos três filmes originais dos 80s) e acompanhamos a luta de Miguel Ortiz (Xolo Maridueña), pupilo de Johnny, para se recuperar de sequelas decorrentes de briga, que aconteceu no final da segunda temporada. E sabe o que Johnny faz para levantar o ânimo de Miggy (como ele é conhecido)? Leva-o para ver um show solo de Dee Snider, ele mesmo, o vocalista do Twisted Sister! A cena, é uma das melhores já vistas na série, que, a cada ano, se tornou mais e mais popular na Netflix.

  Enquanto Johnny é sacaneado por sua total falta de conexão com as tecnologias atuais (a muito custo, aceitou ter um celular, e usa um laptop comprado de segunda mão, que mal se conecta a internet) e acha o fax o aparelho mais de ponta que ele conhece, em seus momentos de ressaca ou frustração, se apega a seus velhos discos de rock dos anos 80, que, em comparação com o som que se faz atualmente (segundo ele, ‘música de maricas’) é a coisa mais ‘de macho’ que há. Para nossa sorte, isso faz com que, a trilha sonora de “Cobra Kai” seja um verdadeiro tributo aos clássicos do rock, com direito ao já citado AC/DC, Foreigner, Van Halen, Journey (não é ‘Don´t stop believin’, esta, marcada para sempre pela cena final dos “Sopranos”), Survivor (a indefectível ‘Eye of the tiger’, claro), Queen, Poison, Scorpions, e, até mesmo, eventualmente um popzinho do Bananarama, para quebrar um pouco o clima. Músicas dos tempos em que se fazia shows ao vivo, sem playbacks ou uso do nefasto auto-tune. Yeah!

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