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Pitty comemora 20 anos de carreira: fãs relembram a relação com “Admirável Chip Novo”

Há 20 anos na música, a cantora baiana foi um acontecimento no rock brasileiro e suas músicas de 2003 continuam tão atuais quanto

Beatriz França

Foto: Caio Lírio

Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra. Essa é uma frase bastante usada e é conhecida pela música Teto de Vidro de Pitty. Em 2023, ela comemora 20 anos do álbum “Admirável Chip Novo”, que foi um marco na música brasileira por ser um disco de rock de uma cantora e compositora baiana, lançado por uma gravadora independente e que conquistou os brasileiros logo de cara.

Ao longo dos anos, o álbum foi ficando ainda mais atual com os debates que Pitty abordava nas canções. Inclusive, ela abriu espaço para que mais mulheres fossem para o rock e se tornou referência: seja para os artistas que viriam pela frente como para o público. O fato é que 20 anos depois de seu lançamento, as músicas de “Admirável Chip Novo” seguem nos fones de muitos brasileiros.

Por isso, a cantora preparou algumas comemorações para esses 20 anos de álbum. Pitty vai revisitar “Admirável Chip Novo“, mas não em um movimento saudosista e sim entendendo o seu lugar no mundo em 2023. A turnê vai rodar o Brasil, com o disco sendo tocado na íntegra com novos arranjos.

“Não é pra ser o que ele era em 2003, é para ser o que ele é agora, o que essas músicas representam hoje. Faremos novos arranjos, respeitando os originais, mas com elementos novos, usando as tecnologias disponíveis, interpretando o disco hoje”, disse em nota à imprensa.

Amor incondicional pela Pitty

Bianca Ortega, de 26 anos, conta que é fã da Pitty desde muito novinha e lembra que quando “Admirável Chip Novo” foi lançado, amou logo de cara. “Nunca fui muito tiete de artistas, mas nessa época colei até pôster no guarda roupa, pintei o cabelo igual ao dela (era metade vermelho e metade natural), usava camisetas… Era um amor avassalador”, relembra.

Bianca Ortega, de 26 anos, era tão fã de Pitty que fez
uma montagem com uma foto de Anacrônico. | Foto: arquivo pessoal

Os anos foram passando e a paixão pela Pitty permaneceu na vida de Bianca. A tatuadora lembra que a primeira vez que viu a cantora em um palco foi em uma exposição de carros e motos que seu pai a levou: “A experiência foi de muita adrenalina, fiquei chocada de ver que ela era real. Também fiquei um pouco assustada com a animação da galera num show de rock. Eu era muito criança, mas hoje eu me jogaria com eles. Foi o show que mais me marcou pela sensação de ver que ela era de verdade, sabe?”.

A história de Kelly Ribeiro, de 36 anos, é um pouco diferente. Fã da cantora há aproximadamente 17 anos, a paixão pelo “Pittyverso” veio depois de um show no antigo Kazebre com uma amiga da época. “Me lembro de todos os shows que fui no início da carreira dela”, conta.

Máscara, música também do álbum que completa 20 anos em 2023, foi a canção que marcou boa parte desse período na vida de Kelly: “É a primeira música que me lembro de ter escutado e marcou a minha adolescência”.

Uma coisa é certa que Pitty traz consigo até hoje: a admiração das pessoas ao vê-la subindo em um palco. A baiana não cansa nenhum segundo, entrega performance em todas suas músicas e deixa uma sensação de acolhimento em cada parte de seu show. E era assim que Kelly Ribeiro se sentia ao assistir os shows, desde o Kazebre, no início da carreira de Pitty, até o último com o Nando Reis, no Espaço Unimed, em São Paulo.

“Os shows do início da carreira são meus tesouros guardados da Pitty na minha vida, pois eu ficava sempre muito próxima do palco – que não era muito alto. E eu ficava admirada olhando ela de pertinho, curtindo as letras… E foi assim em PittyNando também (só um pouco distante do palco). A Pitty representa liberdade de expressão pra mim, que sempre fui muito tímida”, fala.

Kelly Ribeiro ao lado das amigas indo para um show de Pitty no antigo Kazebre. Na época, os celulares não tinham câmeras boas e esse foi o único registro da noite | Foto: arquivo pessoal

Bianca Ortega tem a mesma opinião sobre a imagem que a cantora baiana passa até hoje: “uma mulher forte, impactante e potente”. “A estética do ‘Pittyverso’ era muito característico dela, porque sempre trouxe essa imagem de mulher forte e, por mais que tenha se transformado com o tempo, a banda e a estética acompanharam a evolução da mulher que ela é. E ela sempre foi fiel a isso”, diz.

Como todo fã assíduo, é difícil escolher uma única música para chamar de sua. Kelly escolheu Equalize e Máscara, e explica o motivo: “Equalize por ser uma coisa romântica. E Máscara pela mensagem de nos libertarmos, sermos nós mesmos com erros e acertos”.

Já Bianca foi direta e citou Emboscada como sua preferida de “Admirável Chip Novo“: “Tenho a lembrança de quando ouvi pela primeira vez, achei a letra incrível e a mudança que ela fazia no ritmo. Ela desafiava e enfrentava algo ou alguém naquela música. Na época, eu sofria bullying e a letra me deu um gás, uma força, sabe? Essa é a que eu mais gosto por valor emocional”.

Diferente de Bianca e Kelly, Camila Melo, de 32 anos, nunca foi a um show da Pitty, mas acompanha o trabalho da cantora desde 2002 quando “o rock nacional estava muito em alta”. A revisora conta que conheceu a baiana enquanto assistia MTV: “Naquela época eu curtia muito ver os clipes das bandas, ainda mais ver uma mulher rockeira — mesmo que na época eu não entendesse a importância de ter uma mulher no rock, ainda mais baiana”.

Fã de Teto de Vidro, canção do álbum “Admirável Chip Novo”, Camila conta que passou a adolescência ouvindo Pitty e que foi uma experiência incrível. “Tinha uma coisa de identificação, sabe? Por exemplo, a cada decepção amorosa (até na vida adulta) Na Sua Estante tocava incessantemente”, fala aos risos.

“A potência e versatilidade da Pitty, das letras marcantes, a voz potente e a versatilidade com o projeto Agridoce e ao cantar rap com Emicida, por exemplo, é algo marcante do ‘Pittyverso'”, elogia.

O sucesso de “Admirável Chip Novo” é tanto e parece tão atual que o público fica surpreso ao perceber que o disco está completando 20 anos. Camila Melo é uma dessas pessoas: “Estava acompanhando o show dela no Lollapalooza e fiquei pensando: ‘como assim 20 anos? Parece que foi ontem’. Então ver o quanto ela, como cantora, amadureceu e ver que eu também já sou uma mulher com responsabilidades da vida adulta é estranho. O tempo voa e a Pitty só melhora”.

Fã da Pitty desde 2002, Camila Melo leva consigo as lembranças de “Admirável Chip Novo” | Foto: arquivo pessoal

Já a tatuadora Bianca Ortega brinca que “se sente uma senhora idosa” ao perceber que são 20 anos de “Admirável Chip Novo, mas isso também faz com que ela entenda ainda mais “as mudanças que a Pitty passou nesse tempo como artista”.

“Quantos anos, sabe? Super necessário, mas ‘não se engane maluco, continuo bicho solto’. Confesso que ainda ouço todos os álbuns na minha rotina e é como uma parceira do meu dia a dia, sempre lembrando de cada letra e como me impactava de formas diferentes. Ainda levo comigo alguns daqueles sentimentos. Não posso negar que amo muito”, finaliza em meio a risadas de nostalgia. Uma coisa essas três fãs de Pitty (e essa repórter que vos escreve) têm em comum: o sonho de conhecer a baiana mais rockeira do Brasil pessoalmente. Não se sabe quando e se isso acontecerá algum dia, mas o fato é que as músicas de Pitty, sejam elas de 2003 ou as mais recentes, continuarão nas playlists de todas elas e de uma legião de fãs que estão espalhados pelo Brasil afora.

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