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O TikTok representa o fim da era das redes sociais?

Atualmente, as redes sociais exercem um papel muito intrínseco na vida das pessoas, responsável por ditar tendências de comportamento. A grande revelação desse cenário foi o TikTok, que já se consagrou como a mais recente obsessão de muitos. Deixar de ver os vídeos intermináveis pode ser uma tarefa à beira do impossível, afinal. E por falar nisso, a empresa já se intitulou como uma “plataforma de vídeos”, em vez de rede social. Isso representa o fim da era das redes sociais?

Para Renan Colombo — jornalista, especialista em mídias digitais e professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) — uma rede social mais conectada com o atual, relacionando o nível de interesses dos usuários e seus padrões de comportamentos, certamente é uma ameaça para as redes que não se adequam dessa forma.

Por que o TikTok é tão viciante?

Unplash

É muito mais complexo do que parece. Segundo um artigo científico da revista Neuroimage, os vídeos personalizados pelo algoritmo do TikTok geram uma sensação de prazer e satisfação no organismo, o que ativa um dos principais centros de liberação da dopamina (que é um dos neurotransmissores, conhecida como um dos hormônios da felicidade e quando liberada provoca a sensação de prazer, satisfação e aumenta a motivação).

A estrategista digital especializada em neuromarketing Rejane Toigo nos diz que “esse tipo de conteúdo vicia porque está associado a todas as necessidades momentâneas dopamínicas do nosso cérebro”. Segundo a especialista, outro fator que fez com que o TikTok crescesse muito foi a sensibilidade do algoritmo, muito bem treinado para  detectar as neuropreferências e colocar na frente do usuário exatamente o que lhe proporciona vício. “É um algoritmo que sabe do vício antes da pessoa saber. Ou seja, a pessoa nem se dá conta, porque o processo é inconsciente”, explica. 

Rejane relembra que o TikTok foi ditador de uma tendência, tanto que o modelo de vídeos curtos do TikTok estão nos reels (Instagram) e nos shorts (YouTube). Outro fator que também fez com que o TikTok ganhasse espaço é o formato do vídeo na vertical: “Isso também foi uma vanguarda que o TikTok pesquisou que retém mais a atenção do usuário. Isso se deve à nossa aderência aos smartphones.”

Sob a ótica de Colombo, por sua vez, o TikTok deu certo por sua criação num contexto mais contemporâneo da comunicação digital, e pela utilização de estratégias de personalização do seu conteúdo, faz uso de algoritmos e de recursos que são tendências, como vídeos curtos e músicas virais. 

“Essa rede se desenvolveu muito com o comportamento dos usuários, se caracteriza por ser uma rede mais jovem, que é o perfil que mais consome. É importante ressaltar que a progressão do TikTok aconteceu quando os usuários já estavam mais maduros com relação ao modo de consumo de redes sociais”, sugere o professor.

TikTok, uma plataforma de vídeos

Segundo Colombo, a ascensão do TikTok pode significar o fim da era das outras redes sociais, porque o comportamento das pessoas no consumo de conteúdos digitais não é estático e sim móvel, temporário, migratório. “O que era uma tendência como a postagem (consumo de conteúdos estáticos), textos como foi a base que o Twitter consolidou, ou fotos que foram a base do Facebook, muitas vezes acabam caindo em desuso”, opina.

O especialista observa uma tendência, nos últimos anos, de promoção de conteúdos de vídeo, o que é sinalizado pelo próprio fato de que o TikTok se intitula como uma plataforma de vídeo. No entanto, ao mesmo tempo, ferramentas como o próprio Instagram têm anunciado mudanças no seu algoritmo de filtragem de conteúdos que informam que haveria um privilégio na exibição de vídeos. 

“A logo do Instagram é uma câmera fotográfica, hoje não existem apenas conteúdos imagéticos por lá, o audiovisual tomou conta da rede. O Twitter que é uma ferramenta que nasceu com 140 caracteres de texto, depois passou para 280, hoje é uma ferramenta que tem muito conteúdo de vídeo”, pontua o professor.

Unplash

Já na opinião de Rejane, todas as redes sociais de hoje em dia, com exceção do Twitter, são redes/plataformas de vídeos, porque a nossa atenção está realmente voltada para esse tipo de mídia. “Antigamente a gente tinha só o YouTube, e hoje a gente tem todas as redes sociais fazendo esta frente. Esse título… Não sei se faz tanta diferença assim. Entendo como rede social um lugar onde as pessoas se relacionam não só entre elas, mas com o conteúdo de emissores. Todas elas são redes sociais, porque há uma interação com o conteúdo, coisa que não há por exemplo em uma TV”, disserta.

O fim das redes sociais?

A estrategista menciona que as redes sociais são o arquétipo digital do nosso círculo de relacionamentos: “Ou seja, nós sempre tivemos redes sociais, só que hoje elas são digitais. Uma vez que a gente experimentou essa amplificação das nossas redes sociais através do alcance digital, acho que não vive mais sem isso.  Não há como dizer que é o fim das redes sociais, porque as redes sociais existem desde que a humanidade existe, só que agora é digital”, reflete. 

Em paralelo, o jornalista aponta que é difícil prever se alguma rede social será dominante dentro do seu segmento. “O Snapchat perdeu muita atração, mas ainda não é possível dizer que os reels vão sobrepor o TikTok, onde o público que mais consome são adolescentes e pré-adolescentes, o Instagram é consolidado para jovens adultos e adultos de meia idade e o Facebook com adultos mais maduros. De certa forma as plataformas não brigam entre si, porque elas não disputam o mesmo público.”

Redação Culturize-se

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