Jonathan Pereira
A série “Onde Está Meu Coração” – lançada pelo Globoplay em maio de 2021 e que chega à TV aberta em episódios semanais todas as terças-feiras a partir de 31 de janeiro, depois do “BBB 23” – é boa mas, para se envolver, esqueça tudo o que você já viu sobre o tema em produções anteriores nos últimos anos.
A história conta a trajetória de Amanda (Letícia Colin), uma médica que trabalha na emergência de um hospital e, sentindo-se sufocada pela rotina exaustiva, cai no mundo das drogas, ficando cada vez mais difícil voltar a ser quem era.
Ao longo de dez episódios – tamanho ideal para a trama – o espectador vai mergulhando no drama da personagem e nos conflitos que afetam seus familiares de classe média-alta, como o marido Miguel (Daniel de Oliveira) e os pais dela (Fábio Assunção e Mariana Lima mostrando, 25 anos depois de terem feito par em “O Rei do Gado”, reprisada atualmente à tarde, que ainda têm química).
O problema é que, para esse mergulho acontecer, é necessário esquecer personagens que passaram pelo mesmo martírio em produções anteriores, como o ciclista Danilo (Cauã Reymond) da novela “Passione” (2010) e a modelo Larissa (Grazi Massafera) de “Verdades Secretas” (2015) – ambos largam a carreira e também se afundam no crack.
Caso não tire essas referências da cabeça, a sensação é de estar vendo uma repetição, um “mais do mesmo”, e não é culpa dos autores George Moura e Sergio Goldenberg (que também escreveram juntos entre 2013 e 2018 “O Canto da Sereia”, “Amores Roubados” “O Rebu” e “Onde Nascem os Fortes”). A condução é correta, porém muito parecida com o que já foi mostrado nas novelas citadas no parágrafo anterior.
As cenas – muitas delas noturnas – foram gravadas em São Paulo, e é possível notar a direção artística de José Luiz Villamarim nos ângulos de câmera – que deram um ótimo diferencial à novela “Amor de Mãe”.
O trabalho rendeu a Letícia Colin, uma das melhores atrizes de sua geração, o troféu do Prêmio Televisão da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e uma indicação ao Emmy Internacional. Fábio Assunção e Mariana Lima também estão ótimos – ela brilha em seu melhor papel na televisão.
O primeiro episódio arrebata e dará vontade de ver mais, mesmo que semanalmente, caso você não seja assinante Globoplay, onde todo o conteúdo está disponível. Vale a pena assistir mas, como disse, vá de coração e mente abertos para se envolver.