3ª volume da série “As Donas da P*** Toda”, capitaneado por Juliana Serafim, aprofunda o conhecimento das realidades femininas enquanto ambiciona ser agente transformador de uma sociedade sob o signo do machismo
Por Laisa Lima
“Mulher entende de mulher, homem entende de homem”
A frase popular descreve as realidades femininas e masculinas como totalmente opostas. A verdade é que, embora o gênero não determine a empatia sentida pelo outro sexo, há sempre uma mensagem ambígua.
Desde o começo da história da sequência literária “As Donas da P**** Toda”, em 2022, o objetivo foi atingir ambos, mas de uma forma com que as porta-vozes fossem somente as mulheres e suas narrativas.
Dada a potencialidade da leitura no papel de referência, “As Donas da P**** Toda” chega dando continuidade a trajetória bem-sucedida à frente da luta pela livre expressão feminina por intermédio de mulheres não ficcionais, cheias de conteúdo factual para oferecer.
O Culturize-se bateu um papo-papo com Juliana Serafim, objetivando intimizar-se da mentalidade por trás da junção das histórias de 108 coautoras, imbuídas de dar amplitude ao universo real de um sexo nada frágil.
Tendo o primeiro volume entre os mais vendidos do Brasil e o segundo na posição de Best Seller antes mesmo do lançamento oficial, a obra segue no caminho de compilar enredos femininos, dessa vez, em movimento de celebração.
Este terceiro livro parte do princípio de que o empoderamento é algo almejado, conquistado e, principalmente, influenciado pelo ambiente.
Um exército de peso
“As coautoras precisam ter uma relação de transformação e superação ou ensinar algo para o leitor”
— Juliana Serafim
Juliana escolheu a dedo suas personagens, mas com uma exigência primordial: elas teriam que ser de verdade.
Ouvindo todas as participantes da obra, a escritora, que ainda é consultora e mentora de marketing digital, entendeu que as histórias precisavam estar mais perto das pessoas para transformar de fato suas vidas.
O processo de escolha das integrantes, então, se deu por intermédio da inscrição de interessadas a colaborar com a obra em um determinado prazo. Quando o número de coautoras foi alcançado, cada uma fez seu próprio capítulo de acordo com seu enredo de vida e superação.
Sobre as mulheres incluídas na obras e o sexo feminino em geral, Juliana diz:
“Elas têm a força e a coragem de transformarem suas realidades e serem protagonistas de suas vidas.”
108 vidas que representam muitas outras
Citando a história da coautora Ilma Freitas, obrigada pelo pai a casar com apenas 15 anos e sobrevivente de um relacionamento agressivo e abusivo, Juliana exalta a superação de Ilma, que tornou-se uma profissional de sucesso no ramo da estética, como símbolo do ideal central do livro.
Por abranger diversas questões do universo feminino, tais quais maternidade, emagrecimento, menopausa, família, amigos, relacionamentos amorosos, carreira etc., ela declara que o livro é capaz de ser “uma rede de apoio através das histórias, dado que nem todas tem “coragem e suporte”, segundo a coordenadora, para mudar imediatamente. Ao expor vivências acerca de decisões e consequências, a obra procura ser um pontapé na hora desta transformação necessária.
“Histórias de superação ajudam pessoas que não têm conhecimento de seus direitos.”
Por ser um livro com diversas autoras – aliás, segundo o Ranking Brasil, detentor do maior número de escritoras em uma única obra – é possível identificar-se mais de uma única vez.
“São 108 mulheres contando 108 histórias incríveis que, ao escrever, ajudam a curar quem escreveu e quem irá ler”, e completa Juliana: “cada mulher vai se identificar com uma ou com 20 coautoras, mas não com todas nesse momento. Mais para frente ela pode voltar a ler novamente o livro e outras coautoras fazerem mais sentido para o que ela está passando no momento.”
A inspiração para ser inspiração
Antes de começar a organizar o livro, a consultora de marketing foi chamada para colaborar com a obra “Empreendedorismo feminino, inovação e associativismo”, coordenada por Sibeli Borba; este fato lhe acendeu uma vontade de unir-se a outras mulheres, especialmente as que faturavam dentro do ramo da escritora (o digital).
No entanto, a coisa mudou de figura ao serem selecionadas participantes de todas as áreas, enriquecendo mais o propósito de democratizar as discussões propagadas em “As Donas da P**** Toda”.“…a ideia de coautoria é você poder escolher o que quer ler pelo assunto que a coautora aborda. Você não precisa ler em sequência, pode ser aleatoriamente ou escolher pelo título, pois são artigos rápidos e fáceis de ler. É uma montanha russa de sentimentos em cada artigo.”
Juliana afirma que a inspiração não veio da arte (filmes, livros, e afins), nem de falas específicas. Para o terceiro volume, o que prevaleceu foi a essência singular de cada coautora, presente em capítulos que, de acordo com ela, são impossíveis de serem dissociados na questão da eficácia para com a leitora – ou leitor.
Carta contra o machismo
Quando perguntada sobre a importância das histórias escritas pelas coautoras para a luta contra o machismo, Juliana exalta o poder que o livro detém de iniciar um novo pensamento – que acarreta no comportamento – na mente da mulher. Ela explica que, a partir da obra, é possível adquirir novos comportamentos frente ao menosprezo e, majoritariamente, aos relacionamentos abusivos, seja na rua, em casa ou no trabalho, vivido pelas leitoras.
A coordenadora, então, enfatiza seu parecer de que, sim, os homens devem ler não só “As Donas da P*** Toda”, mas também literatura que fale sobre noções de mulheres reais.
O livro carrega “a certeza de que o seu legado vai transformar verdadeiramente a vida das pessoas”, assim descrito por Juliana, a fim de ressaltar a importância da obra na posição instigador do empoderamento.
“As Donas da P**** Toda – Celebration” terá como sequência o “As Donas da P**** Toda – Revolution 4.D”, quarto volume da franquia contendo depoimentos de mulheres fortes, dedicado para mulheres igualmente fortes ou que por enquanto não descobriram sua força.
A obra está em processo de formação; os relatos ainda não foram escolhidos. O incentivo para que as mulheres abram suas histórias para o exemplar inclui a divulgação de seu conhecimento acerca da transmissão do narração, que origina o reconhecimento e, depois, o testamento de influência na vida de mulheres que se veem representadas.
Esta reportagem foi publicada primeiramente na newsletter de Literatura. Ainda não assina? Conheça nossos planos aqui