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“Yankovic”: a cinebiografia que ninguém pediu, mas que se mostrou ótima paródia

Tom Leão

Quando soube que iam fazer uma cinebiografia do músico e comediante ‘Weird Al’ Yankovic, achei muito estranho. Afinal, a quem iria interessar isso, a não ser a seus fãs (que se concentram mais nos EUA) e a meia dúzia de curiosos e adeptos de sátira (como eu)? Além do mais, o que a vida dele tem de tão interessante, além de ter feito sucesso às custas de paródias musicais para astros do pop como Madonna (‘Like a Surgeon’, em cima de ‘Like a Virgin’) e Michael Jackson (‘Eat it’, em cima de ‘Beat it’), ambos com os clips exibidos aqui no “Fantástico”, e que se restringiram, basicamente, aos anos 80?

Yankovic, um produto dos anos 80 de volta à baila | Foto: Entertainment Tonight

  Daí que, quando comecei a assistir ao filme (uma produção da Roku, aquela fabricante de dongles para apps de streamings!), estrelada por ninguém menos do que Daniel Radcliffe (para sempre em nossas mentes como Harry Potter), continuei achando estranho. Eu estava ali vendo, porque, nos anos 80, comprei um disco dele (em vinil), “Dare to be Stupid” (1985), justamente por ser fã de humor e paródias.

E, a música que dá título ao disco, é uma das poucas da carreira dele que não se baseia em outra, mas faz alusão ao tipo de som e estilo da banda americana Devo, não sendo uma paródia em si. Além da faixa-título, é neste disco (que comprei, importado, num sebo) que está o hit ‘Like a Surgeon’, ‘I want a new duck’ (em cima de ‘I want a new drug’, de Huey Lewis & The News), ‘Yoda’ (‘Lola’, dos Kinks), ‘Girls just want to have lunch’ (adivinhem!) e uma cover para o tema do desenho de TV ‘George of the Jungle’.

  Mas, voltando ao filme (que, acaba de ganhar o Critic´s Choice Awards, como melhor filme feito para televisão), o que ele tem de atrativo para nos fazer assisti-lo, além de fãs do Daniel Radcliffe (muitos) ou do Yankovic (poucos)? Bem, a única forma de encarar “Weird: the Al Yankovic story”, é como a boa paródia que é. Não poderia ser de outra forma. No começo, ele até guarda conexões com a realidade, ao mostrar o menino judeu, que curtia a revista Mad e ouvia aos programas de humor do Dr. Demento, começar a imaginar as suas primeiras paródias musicais. Naquele momento, o seu instrumento musical era um improvável acordeão. O empenho de Radcliffe no papel, lhe deu, recentemente, o prêmio de melhor ator, do People´s Choice Awards, na categoria série limitada ou filme para TV.

Daniel Radcliffe no inusitado filme sobre Yankovic | Foto: divulgação

  Pulo no tempo, e já pegamos Yankovic na adolescência, pensando em formar uma banda com amigos, e desenvolvendo melhor a sua ideia de criar paródias de músicas de sucesso. A partir daí, o filme abraça a sátira com força, e segue aquela cartilha das cinebiografias de astros da música: com o sucesso repentino, a fama, os dólares, as mulheres, as drogas até a derrocada final, tudo bastante exagerado. A ponto de ele ter como fã número 1 o barão da cocaína Pablo Escobar; e como namorada, Madonna (Evan Rachel Wood, de “Westworld”).

  O melhor do filme, para fãs da comédia, é ver numa cena passada numa festa na piscina, na casa de Dr. Demento (Rainn Wilson, de “The Office”) nomes como Will Forte (SNL), Patton Oswalt, Jack Black, e vários outros, caracterizados de personalidades da comédia, cinema e música, como Pee-Wee Herman, a travesti Divine, Alice Cooper, Andy Warhol, etc. O lance, é embarcar na comédia e rir dos absurdos.   ‘Weird Al’ (nascido Matthew Alfred Yankovic), até hoje, aos 64 anos, continua na ativa. Mas, nunca mais repetiu o sucesso que obteve nos anos 80 (quando vendeu milhões de discos); tendo também feito filmes, como “UHF” (de 1989, aqui, direto para vídeo) e a série para TV, “The Weird Al Show” (1997). O filme em questão, se derivou de quadro do programa de humor da internet “Funny or die” (2010), que alongou a piada. Que, como eu disse, vai interessar muito aos fãs do gênero.

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