Patrícia Froelich
O que é machismo? Como ele lhe afeta? Na sua opinião é algo individual ou estrutural? Primeiramente obrigada pela sua presença aqui e pela nossa reflexão conjunta sobre temas que atingem o universo feminino, seja de forma direta ou indireta; seja do âmbito pragmático ou simbólico. Trouxe a presente pauta pois uma conhecida comentou um story meu, do Instagram, perguntando ‘Paty, como tu lida com o machismo do povo daqui?’. Portanto, achei que este espaço merece uma coluna sobre isso, sobretudo porque a imagem que provocou tal pergunta era uma fotografia qualquer, não tinha nexo temático, apenas referência com uma cidade interiorana.
Não tenho todas as respostas, mas com certeza tenho boas perguntas para adicionar ao nosso pretenso rol reflexivo, com toques de afeto. O machismo nos lesiona cotidianamente e dói, sobretudo quando advém de pessoas que amamos e/ou admiramos em algum grau. Meu carinho para todas que estão enfrentando seus traumas e dores (especialmente aquelas que não contamos para quase ninguém).
Conceitualmente, segundo o dicionário online Dicio[1], o machismo é “opinião ou atitudes que discriminam ou recusam a ideia de igualdade dos direitos entre homens e mulheres; característica, comportamento ou particularidade de macho; macheza; demonstração exagerada de valentia”. Mas, como você definiria? Quais exemplos pessoais você usaria para ilustrar o conceito? O machismo citadino difere do machismo no rural? Alguma vez você já foi machista em relação a outra mulher? Uma sociedade com traquejos machistas dá vantagens para quê(m)? Quando você ouve algo imbuído por violência simbólica, ignora ou confronta?
Acredito que ser machista não é exclusividade masculina, o machismo está impregnado na sociedade ocidental e nos atravessa independente do gênero. Quando criticamos o corpo de outra mulher, por exemplo, estamos objetificando nossa semelhante e fomentando matizes de violência subjetiva. Tais práticas, que parecem insignificantes, são justamente o que alicerça atitudes mais brutais. Falamos em sociedade com algo descolado de nós, muitas vezes utilizando da terceira pessoa para fazê-lo, quando são nossas ações no micro que ressoam sob o macro.
Com qual idade você percebeu que por ser mulher mais coisas lhe serão cobradas? Quando você constatou que, sob a insígnia feminina, teria que redobrar os cuidados ao andar sozinha na rua? Quantas vezes já ouviu que determinada tarefa ‘não é coisa de mulher’? Ou, pelo contrário, quantas vezes as tarefas domésticas e de cuidados lhe foram delegadas porque ‘você é mulher, tem mais jeito para isso’? A revolução ocorre inicialmente no nível sutil, mas ela é desconfortável, nos exige tomar posicionamento e não agradar mais todo mundo, o que é justamente o contrário do que nos fora ensinado culturalmente, né? Quem questionar a estrutura leva de brinde alguns carimbos de nomeação ofensiva. É tempo de desconstruirmos estereótipos, preconceitos, opressões e patriarcalismos. O que você acha de todo esse rolê? Coloque sua voz e/ou escrita no mundo, mulher! Não mais silenciamentos!
Pessoalmente, compreendo que o machismo e suas amálgamas não beneficiam a mulher e nem o homem. Esse preconceito sexista é uma cola que tenta manter de pé uma arcaica estrutura de poder que há muita já se encontra corroída. Não orna mais com a sociedade atual que um sexo seja subserviente ao outro e nunca combinou ou combinará com nossa humanidade as violências! Qual o seu ponto de vista?
Esta coluna, como sobredito, problematizou sobre o machismo impregnado em todas(os) nós. Muito obrigada pela sua leitura atenta e crítica, você sabe que é sempre bem-vinda neste espaço, certo?! Sobre quais assuntos você gostaria que conversássemos aqui? Deixe um comentário sugestivo (para novos temas) ou crítico (desta coluna e seus aspectos faltantes). Nos encontramos na próxima semana? Tenha um ótimo dia e por favor siga ruminando sobre seu papel nos espaços que está/frequenta.
[1] https://www.dicio.com.br/