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Tempo de reconstrução

Kristhian Kaminski

Dia de estreia. Escrevo essa primeira coluna, esperando que seja uma de muitas. Grato pela oportunidade, de tentar tratar aqui de temas sobre como a política pode melhorar a vida da sociedade e do indivíduo.

Nesse primeiro ensaio, é inevitável falar sobre a transição de governo. Tentando ser o mais isento possível, mas não tem como, passamos por uma administração federal irresponsável em relação aos direitos básicos das pessoas, à igualdade e equidade. Que pregou, aberta ou veladamente, a intolerância e a divisão.

O novo governo vai dar certo? Nem eu, nem ninguém pode garantir. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já cometeu seus erros no passado, pagou por isso e, espero, tenha aprendido com eles.

Quando Fernando Henrique Cardoso passou a faixa para Lula, em sua primeira eleição, muito se falou em transição. Apesar do temor do chamado “mercado”, o governo que assumiu manteve uma política econômica semelhante à da administração anterior, que foi benéfica para todos. E agregou a isso políticas sociais importantes, até hoje questionadas por alguns segmentos da sociedade, tais como cotas raciais, programa de renda mínima e incentivo a moradias populares. Diga-se, não foram todas essas políticas invenções de Lula: ele aproveitou programas já existentes, mas organizou isso – e agregou outros projetos – num pacote chamado na época de Fome Zero.

O vice-presidente, Geraldo Alckmin,e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a primeira reunião ministerial, no Palácio do Planalto | Foto: Agência Brasil/José Cruz

Nessa transição do governo de Jair Bolsonaro para o terceiro governo de Lula, o termo vigente é reconstrução. Não é uma simples transição, não é amigável, não é no mínimo respeitosa.

A pretexto de tornar a máquina pública mais enxuta e eficiente, Bolsonaro eliminou ministérios, ao mesmo tempo que deu superpoderes a aliados como o seu Posto Ipiranga. Que pouco, ou nada, fez.

Poderia citar aqui, mas esse texto ficaria infinito, os vários desmontes feitos por Bolsonaro. Prefiro me ater a um: o fim do Ministério da Cultura, que veio associado às inúmeras críticas dele e de seus aliados à Lei Rouanet. Mau uso do dinheiro desse benefício ocorreu? Não tenho dúvidas. Mas invalidar o projeto é o mesmo que invalidar o auxílio emergencial dado a tantas pessoas que precisaram dele durante a pandemia, apenas porque alguns poucos aproveitadores usufruíram do benefício irregularmente.

A refundação do Ministério da Cultura é uma das boas notícias da nova gestão. Margareth Menezes tem história, apesar das críticas do lado perdedor das eleições. Lula, em seu primeiro mandato, teve Gilberto Gil como titular da pasta. Entre o governo dele e de Dilma Roussef, passaram por lá nomes como o sociólogo Juca Ferreira; a atriz, cantora, compositora, diretora teatral Anna de Holanda; e até Marta Suplicy, que tem história política e bagagem de sobra.

Mas falar sobre cultura não se resume a um ministério. Envolve termos um Ministério da Educação efetivo, o que não tivemos nos últimos quatro anos, perdido em discussões absurdas sobre ideologia de gênero. Envolve o resgate da nossa cultura ancestral, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas – ou dos Povos Ancestrais, contando com uma representante como ministra e outra como presidente da Funai.

Precisamos aguardar os próximos passos da nova administração federal. Mas, também, dos novos governos estaduais, alguns ainda alinhados aos ideais do bolsonarismo. Prefiro adotar uma postura otimista, mas sempre vigilante.

Esse texto não tem a pretensão de ser uma via de mão única. Portanto, sugestões, comentários e críticas são sempre bem-vindos. Meu e-mail de contato é o seguinte: [email protected]

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