Patrícia Froelich
Eis que 2023 começou e projetamos sobre ele altas expectativas, né? O número três sempre desperta vieses cabalísticos, especialmente porque viemos de anos pesados com pandemia e crises políticas e financeiras. Mas e se pensássemos o que o novo ano espera de nós? Convenhamos que não é possível um ano ser novo se mantermos os mesmos hábitos. A estrutura nos impacta e impele, mas ainda assim podemos atuar nas pequenas e importantes dimensões de poder, como na nossa casa, no nosso prédio, na nossa rua, na academia que frequentamos diariamente (certo?), no nosso nicho familiar e de amizades e sobretudo no cuidado de si.
Como você passou a virada de ano? Já fez uma listinha de intentos para 2023? Qual item sempre se repete na sua listagem ano após ano? O que você intenciona realmente modificar a partir de hoje? Se o mundo está pesado e difícil, como podemos promover o oposto? Se você fizer um autoexame sobre o que foi dito versus o que foi feito no último ano, como está essa balança? Inclusive, creio que esta última importa mais do que aquela que explana nossos quilogramas. O que você pode fazer de diferente em 2023? Qual processo doloroso e traumático podemos ressignificar? Mais de 360 oportunidades de fazer coisas distintas, por nós e pelo meio. Podemos fazer muita coisa… mas realmente o queremos?
Você que ora me lê, responda: qual projeto engavetado poderia colocar no mundo neste momento? Como é o medo que te trava? O que lhe descontenta no mundo que merece sua energia em prol da mudança? Não podemos mudar tudo, é verdade, mas uma pequena fração pode reverberar grandes impactos. Por exemplo, semear mais plantinhas, separar o lixo, frequentar as feiras e incentivar os pequenos circuitos de comércio, elogiar uma pessoa do seu meio, ler mídias alternativas, ouvir com empatia e sem julgamentos, repassar informação de qualidade nas suas redes, avisar de vagas de emprego abertas, compartilhar receitas, poesia, arte em geral; cabe a você acrescentar mais elementos aqui.
Eu, você e toda sociedade precisamos ornar com o novo ano. A mudança começa em nós, partindo da miudeza! Falando em ornar, podemos pensar 2023 como um evento, para o qual devemos customizar um novo traje, bordando brilhos, cores, trejeitos peculiares, vivacidades através de mesclas ou procurar a melhor costureira da cidade, que por analogia seria alguma pessoa para nos inspirar neste ano. Não importa nosso nível de formação ou idade, sempre temos mais para ver e aprender! Tudo se atualiza, sobretudo numa sociedade tecnológica e nos cabe agir em paralelo.
Pessoalmente, considero o início de um novo ano o momento oportuno para germinar ideias e revisitar as metas, pois algumas não fazem mais sentido para sua nova e emergente versão. Também é interessante que sejamos a número um na nossa interminável lista de afazeres, que tal? Esta coluna problematizou sobre nossas expectativas acerca de um novo ano e a importância de esperar na mesma proporção de agir. Muito obrigada pela sua leitura, você é sempre bem-vinda neste espaço! Sobre quais assuntos você gostaria que conversássemos aqui? Um brinde ao novo ano, suas possibilidades e nossas ações embasadas em discernimento e amor-próprio! Nos encontramos na próxima semana?