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E-commerce enxerga no apelo à cultura potencial de customizar clientes

Movimento de gigantes do varejo de adquirir plataformas de cunho cultural demonstra uma tendência de mercado que funde conteúdo e consumo

Redação Culturize-se

Com a ascensão da internet, o e-commerce — ou comércio eletrônico — não demorou a fazer parte da vida das pessoas. A conveniência de comprar sem sair de casa, juntamente com a confiança que os usuários pouco a pouco passaram a ter em relação ao âmbito virtual, levou diversas empresas do Brasil e do mundo a investir nesse escopo. Atualmente, não há uma grande marca que não tenha aderido às vendas online, seja através de um site próprio, seja através de um aplicativo. Mas um ponto curioso é que, nos últimos anos, grandes nomes do e-commerce voltaram os olhares a um nicho específico: a cultura.

Podemos observar essa movimentação através de recentes aquisições, como o Jovem Nerd, por parte do Magazine Luiza, no ano de 2021. O Jovem Nerd é um blog brasileiro de humor e notícias, criado em 2002 por Alexandre Ottoni de Menezes e Deive Pazos Gerpe, e aborda temas sobre entretenimento, em especial cinema, séries de televisão, ficção científica, quadrinhos, role-playing game e viagens. Mas por que a Magazine Luiza, uma grande empresa brasileira do setor do varejo, se interessou em comprar o canal?

Poderia ter sido uma movimentação isolada, no entanto, nesse mesmo ano, a Americanas — também conhecida por atuar principalmente no segmento de varejo — adquiriu o Skoob, uma rede social colaborativa brasileira para leitores. No que diz respeito a livros, anteriormente a Magazine Luiza comprou a Estante Virtual. São estratégias que levantam dúvidas acerca do cenário atual.

Em entrevista ao Culturize-se, Viviane Lordello, cofundadora do Skoob, afirma que as marcas Americanas e Submarino são referências na venda de livros, o que justificaria a aquisição da maior plataforma digital de conteúdo para leitores. “Com isso, enxergamos uma oportunidade de unir forças para alavancar ainda mais o mercado literário, setor que, em 2021, cresceu 30%, segundo dados da Nielsen BookScan e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL)”, conta.

Questionada sobre o que podemos esperar desse movimento, Viviane pondera que a sinergia entre as marcas traz diversas possibilidades: “Recentemente, fizemos a integração de 2 milhões de resenhas de livros nos sites e apps das marcas Americanas, Submarino e Shoptime, a partir de recomendações e avaliações de leitores que utilizam o Skoob. Com a integração, acreditamos que podemos viabilizar novas ferramentas que vão proporcionar uma experiência ainda melhor para os nossos leitores, e para a Americanas S.A., acreditamos que nosso conteúdo vai aumentar a recorrência de compra nas lojas e o alcance de novos clientes da companhia.”

Uma análise sobre o cenário

Sob a ótica de Rodrigo Garcia, diretor-executivo da Petina Soluções Digitais (uma startup de gestão de marketplaces nacionais e internacionais), essa estratégia que o Magazine Luiza e a Americanas adotaram para conseguir melhorar o engajamento, principalmente na leitura, pode ter vindo do incômodo para combater a Amazon, que vem crescendo bastante e é o maior marketplace.

“A gente pode fazer essa analogia para conseguir pontuar que eles estão se movendo para conseguir deixar a Amazon enfraquecida, com a compra desses portais”, consta a análise do especialista, em torno do cenário atual.

“Em contrapartida, o engajamento que eles estão buscando, como o Skoob ou Jovem Nerd (que é um relacionamento mais focado para a nova geração, que às vezes podem não estar tão engajadas com o line desses caras que são mais antigos) pode ser para fortalecer o engajamento e conseguir passar credibilidade do canal, para conseguir fortalecer esse público também”, completa o diretor-executivo.

A estimativa do especialista é que cada vez mais essas fusões e aquisições podem acontecer, principalmente por trazer engajamento e fortalecer a marca nesses públicos: “A Magazine Luiza comprou diversas empresas para fortalecer ainda mais a marca entre alguns segmentos.”

E a cultura?

Segundo Viviane, a democratização da cultura é fundamental, e o Skoob acompanhou por muito tempo a atuação da Americanas S.A. como incentivadora de projetos voltados ao mundo literário, o que reforça ainda mais o potencial de sinergia das duas empresas que buscam trazer informação e conteúdo relevante para um público altamente apaixonado e engajado.

“Do ponto de vista do Skoob, acreditamos que nossa plataforma pode somar conteúdo qualificado e conhecimento do universo literário, principalmente pelas recomendações e reviews de obras que estimulam o engajamento dos clientes, e ainda com outras funcionalidades que serão em breve incorporadas às plataformas digitais das marcas”, finaliza.

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