Retorno de Fincher à mente assassina e épico sobre amor transcendental cativam Veneza

Por Mariane Morisawa, de Veneza  | Fotos: Divulgação

David Fincher entra na cabeça de um matador em "O Assassino", baseado na graphic novel de Alexis “Matz” Nolent e Luc Jacamon. Michael Fassbender é um assassino de aluguel sem nome que vai atrás de vingança ao sofrer uma retaliação após um trabalho não sair como o esperado. O espectador ouve seu fluxo de pensamentos, em que ele tenta justificar para si mesmo as atitudes violentas que toma, sem remorso.

A atriz brasileira Sophie Charlotte faz uma pequena participação. É mais um trabalho competente do cineasta, embora talvez sem a grandiosidade necessária para chegar ao Oscar.

"La Bête", de Bertrand Bonello, atravessa o tempo para falar de amor e do medo de amar, dos traumas, de inteligência artificial, do desaparecimento da individualidade. Em 1910, Gabrielle (Léa Seydoux), que é casada, conhece Louis (George McKay) em uma festa em Paris. Em 2014, os dois se reencontram em Los Angeles, ela, uma aspirante a atriz, ele, um incel que ameaça mulheres na internet. Em 2044, a inteligência artificial tomou conta de tudo, e Gabrielle precisa decidir entre o amor e o trabalho. 

O filme, inspirado em A Fera na Selva, de Henry James, tem uma estrutura complexa de idas e vindas no tempo e passeia entre o moderno e o clássico para explorar de forma intrigante o sentimento mais abordado pelo cinema: o amor. Filmado em preto e branco, "The Theory of Everything", de Timm Kröger, brinca com o conceito de multiverso em uma história que se passa nos anos 1960. O diretor disse que suas influências vão desde A Montanha Mágica, de Thomas Mann, até filmes de Alfred Hitchcock e Andrei Tarkovski. Mas o resultado é confuso e cansativo.