Redação Culturize-se | Fotos: Anna Carolina Bueno
A mostra Bará, do artista Gustavo Nazareno, natural de Minas Gerais, é sua 1ª em uma grande instituição paulistana e ganha destaque como o primeiro conjunto de exposições temporárias após o falecimento do fundador e diretor curador da instituição, Emanoel Araujo, com quem a exposição foi acordada pessoalmente em 2021.
Com curadoria de Deri Andrade, pesquisador e curador convidado, a mostra é composta por aproximadamente 130 trabalhos, incluindo pinturas a óleo sobre linho e desenhos em carvão, que refletem a pesquisa em que o artista tem se dedicado nos últimos anos. Em 2019, Nazareno concebeu a série de desenhos em carvão intitulada Bará, como uma cerimônia em forma de oferenda para uma qualidade de Exu.
Partindo de suas inspirações em contos de fadas, fabulação e sua fé em Exu, o artista propõe, por meio dos desenhos, "uma fábula que percorre o dia em que essa cerimônia aconteceu, um dia de segunda-feira, dentro de um mundo criado para o Orixá". Nazareno propõe que "o visitante se torne um convidado nesse mundo que crio, atravessando as fases do dia e as características do espaço retratadas em pinturas e desenhos em carvão".
Deri Andrade observa que as bases dessa mostra são a técnica singular de pintura e desenho de Nazareno, que parte de uma referência renascentista, e seu interesse pelas epistemologias dos Orixás. "Além de uma questão religiosa, Gustavo Nazareno imagina imagens que contam uma história a partir das fábulas que ele escreve, tendo como ponto de partida a referência a essas entidades, com respeito e muita beleza, construindo uma nova visualidade para elas"
Gustavo Nazareno vive e trabalha em São Paulo. Autodidata, o artista vem desenvolvendo uma pesquisa pictórica e imagética que percorre os ritos ancestrais africanos e a mitologia dos orixás. Em sua produção, carregada de nuances que extrapolam os temas para além da questão religiosa, o panteão iorubá é reverenciado como uma força epistemológica, de conhecimentos ancestrais e de mistérios.
As figuras, ou as paisagens, como vem explorando em sua recente produção, são contemplativas e repletas de histórias pessoais, por meio de fábulas que cria para guiar os traços vistos nas obras.
Entre suas exposições individuais destacam-se: Fables on Exu, Gallery 1957, 2021, (Londres, Reino Unido); Notas pessoais de fé, Cassina Projects, 2022, (Milão, Itália) e Pombajira, Selma Feriani Gallery, 2023 (Tunes, Tunísia).