Redação Culturize-se | Fotos: Divulgação
A exposição 'Rascunhos e Sombras', atualmente em cartaz na galeria Herança Cultural, em São Paulo, é um mergulho profundo no mundo artístico de Marcelo Stefanovicz (foto). A carreira deste talentoso artista é marcada pela acumulação de objetos, palavras e gestos que se tornaram sua principal fonte de expressão.
Esse repertório peculiar serve como matéria-prima para uma exploração que vai muito além do mero estético, adentrando os recônditos dos sentimentos mais íntimos, como a ansiedade e o amor.
A essência da impregnação, seja ela estética ou emocional, é um fio condutor que atravessa toda a obra de Stefanovicz. Objetos comuns do cotidiano, como baquetas, serrotes e lâmpadas, ganham nova vida e significado ao serem dispostos de maneira aparentemente desordenada ou acompanhados por frases diversas. O artista desafia as convenções, questionando a tradicional 'ordem das coisas' tanto no campo da arte quanto no design.
Em sua mais recente série, intitulada 'Rascunhos e Sombras', a experimentação atinge um novo patamar. O ato de rabiscar de maneira espontânea e imprecisa sobre uma folha de papel se transforma em esculturas de barras de aço retorcidas que ampliam os traços para uma terceira dimensão. Esse gesto, aparentemente mecânico e desprovido de uma intenção gráfica clara, assume uma expressividade própria, adquirindo forma e volume.
As esculturas resultantes desse processo caótico de traços e linhas evocam não apenas a sensação de rascunho, mas também uma qualidade arquitetônica. Com um engenhoso sistema de iluminação, essas 24 esculturas se transformam em receptáculos de luz e sombra, revelando toda a complexidade por trás da simplicidade do gesto de rabiscar.
O resultado é um sentimento de inconformismo enraizado na sobreposição de múltiplas camadas materiais e emocionais, um processo de colagem que ecoa os princípios das vanguardas modernas e artistas singulares, como Robert Rauschenberg e Cy Twombly. A exposição fica em cartaz até 4 de novembro.