LIVRO DA SEMANA

Indicado por Jéssica Stuque

Nossa dica de leitura da semana já virou praticamente um clássico brasileiro. Torto Arado (Editora Todavia) conquistou o público e a crítica e somente no ano de 2020 foi vencedor de dois prêmios importantes: Oceanos e Jabuti. De forma simples, realista, dolorosa e mágica, o autor aborda as mazelas de um sertão baiano marcado pela escravidão.

Tudo começa com duas irmãs, Bibiana e Belonísia que, movidas pela curiosidade da infância, vão xeretar uma mala antiga da avó Donana e lá encontram uma faca afiada. O objeto tão brilhante seduz as meninas a quererem prová-la, com a língua. Um acidente acontece, e ele marca profundamente a família e principalmente a vida das duas meninas.

A HISTÓRIA

Tudo se passa na Fazenda Água Negra, no sertão baiano, num passado antigo mas muito presente. A família trabalha incansavelmente para que os patrões lucrem. Em troca, ganham um pedaço de terra para plantar e construir uma casa. Detalhe: a casa não pode ser de alvenaria, apenas de barro. Regras dos donos.

A HISTÓRIA

Foto: Getty Images

Em meio a tanta labuta de sol a sol, somos apresentados também à magia da religião jarê, de matriz africana, por meio de entidades e do pai de Bibiana, Zeca Chapéu Grande, grande curador respeitado da região.

A HISTÓRIA

Foto: Getty Images

A história é contada em três partes: primeiro pela visão de Bibiana, depois pela de Belonísia e, por fim, pela Santa Rita Pescadeira, uma das entidades do jarê que marca presença das festas de Dona Miúda.

A HISTÓRIA

Imagem: Reprodução Instagam / @anandacolaa

Não há como não se envolver com a história. Em certos momentos, podemos sentir o umbu sendo catado do pé, o banho tomado no rio, o terreno sendo arado para plantio, as brincadeiras nas festas do jarê.

A HISTÓRIA

Imagem: Reprodução Instagam / @anandacolaa

Esse Brasil tão real só pode ser descrito assim pela voz de quem o conhece. Itamar Vieira Junior escreve do que sabe.

O AUTOR

Foto: Arquivo Pessoal

O geógrafo e escritor baiano nasceu em 1979 em Salvador, e descende de negros escravizados vindos de Serra Leoa e da Nigéria e de indígenas Tupinambás. É também doutor em estudos étnicos e africanos pela UFBA.

O AUTOR

Foto: Reprodução / Instagram

Foto: Getty Images

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