Esther Bonder e a arte visual que pensa nossa relação com a natureza de forma questionadora

Redação Culturize-se | Fotos: Divulgação 07/11/2024

Esther Bonder é uma artista que explora a natureza em sua obra de maneira profunda e expressiva, transcendo a simples representação visual e desafiando convenções artísticas que historicamente impuseram limites ao conceito de paisagem.

Sua relação com a natureza, longe de ser romantizada, emerge de uma trajetória marcada pelo diálogo constante entre arte e ecologia, impulsionada por seu conhecimento botânico e sua vivência com o mestre paisagista Burle Marx.

A experiência de Bonder como paisagista não só informa suas criações como também confere a elas uma aura quase ritualística, com um respeito evidente pelos elementos naturais que utiliza.

Na prática artística de Esther, a pintura é seu principal meio de expressão, embora ela também incursione por formas tridimensionais com galhos secos e malhas metálicas, criando objetos que expandem o conceito de paisagem e rompem com as barreiras tradicionais da pintura.

Suas composições variam em paletas e abordagens, revelando nuances e perspectivas diferentes, onde a paisagem assume um caráter vivo e em movimento, conectando-se aos corpos e matérias que formam o ecossistema terrestre.

Nessa linha, seu trabalho dialoga com as ideias de pensadores como Anna Tsing e Ailton Krenak, que questionam as concepções modernas e propõem novas maneiras de nos relacionarmos com o ambiente, especialmente diante da crise ecológica contemporânea.

Inspirada pelo pensamento de Emanuelle Coccia e Donna Haraway, Esther Bonder desafia o espectador a repensar o conceito de paisagem, levando-o para além da domesticação e da imitação da natureza, em direção a um espaço onde experiências sensíveis e conexões entrelaçadas redefinem a relação entre matéria e forma.

Bonder participou de diversas exposições, entre elas a individual Eterno Retorno, realizada entre maio e julho de 2024 na Galeria Marilia Razuk, com curadoria de Ana Carolina Ralston. Em sua trajetória recente, destacou-se também na exposição coletiva Um Teto Todo Seu, inspirada na obra de Virginia Woolf.