Por Mariane Morisawa, de Veneza | Fotos: Divulgação
Depois de "Green Border", de Agnieszka Holland, foi a vez do italiano Matteo Garrone (Gomorra, Pinóquio) tratar de refugiados e imigrantes, um tema quente na Europa. "Io Capitano" faz todo o percurso junto com Seydou (o ótimo Seydou Sarr) e seu primo Moussa (Moustapha Fall), desde sua partida do Senegal com destino à Europa.
É uma jornada trágica, repleta de desertos, mares e toda sorte de percalços, mas Garrone trata seus personagens como heróis resilientes e que mantêm sua essência apesar de tudo.
Já Ava DuVernay, a primeira americana negra a concorrer ao Leão de Ouro, faz uma cinebiografia de Isabel Wilkerson, autora de Casta – As Origens de Nosso Mal-Estar. Ela estava vivendo um luto quando escreveu o livro vencedor do Pulitzer, em que defende que o racismo é insuficiente para explicar a opressão sofrida pelos negros nos Estados Unidos.
Em sua opinião, ela se assemelha à eliminação dos judeus pelos nazistas e aos dalits, os intocáveis da Índia, que não tem nada a ver com a raça. Todos são modos de dominação e só sua eliminação vai levar a um mundo mais justo. DuVernay é bastante didática, o que prejudica às vezes o andamento, mas seu propósito é claro: esclarecer como funcionam esses métodos de opressão. Mas não se trata de uma tese, nem de um filme frio. É difícil conter as lágrimas em determinados momentos.